Humanização do parto nos hospitais privados do DF

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O Jornal Comunidade trouxe nesse fim de semana informaçõe sobre a humanização do parto nos hospitais privados do DF.

Humanização do parto
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Hospitais e profissionais de Brasília investem em quartos especiais e centros obstétricos bem equipados para incentivar o parto normal e humanizado

Diversas mulheres optam pela cesareana, seja por medo ou para não sentir dores durante o parto, mas nem sempre este é o método melhor ou mais seguro. Por ser uma intervenção cirúrgica, há probabilidade de contração de infecções e demora da recuperação,
sendo, portanto, uma alternativa somente para casos específicos, em que há riscos para a mãe ou o bebê.

O Brasil, hoje, detém o título de campeão mundial em número de cesareanas. Apesar de a Organização Mundial de Saúde ( OMS)recomendar um máximo de15%de partos cirúrgicos, estatísticas mostram que nos hospitais particulares essa cifra ultrapassa os
80% e, na rede pública, o índice é de mais de 30%, mesmo com as várias campanhas de incentivo ao parto normal. Em Brasília, contudo, algumas instituições particulares têm ido contra essa tendência e adotado métodos para estimular o nascimento de bebês de forma natural e humanizada.

Atendimento especial

O hospital Santa Lúcia implantou o Projeto de Humanização
para Gestantes, no qual as grávidas recebem atendimento especial, visando tranquilizá-las para o momento do parto. O centro obstétrico possui música ambiente e há contenção na luminosidade na hora do nascimento. O pai, por sua vez, pode acompanhar
todo o procedimento e cortar o umbigo da criança na salinha do bebê. Todos esses detalhes certamente fazem a diferença e encorajam as mamães a optarem pelo parto natural.

A enfermeira e responsável por segurar o bebê no centro obstétrico, Hanya Muhammad, explica que a equipe médica é devidamente treinada para partos normais realizados em diversas posições,como a tradicional ou de cócoras. "A maternidade dispõe de meios para preparar e relaxar a mãe, como bola suíça – que propicia exercícios que ajudam na dilatação – ou apoios para a fase ativa do trabalho de parto", diz. Às vezes, o procedimento é demorado, daí a importância de profissionais habilitados. Quando o bebê nasce, ele fica em um berço aquecido e toma seu primeiro
banho no tummy tub,umbalde especial que simula o útero da mãe, inclusive na temperatura da água.

O projeto desenvolvido pelo hospital também inclui um curso degestantes, no qual os futuros papais e mamães recebem orientações sobre os cuidados com o bebê de pediatras, anestesistas e enfermeiras. O psicólogo, por sua vez, traz informações sobre questões emocionais surgidas antes e após o parto.

Ioga no pré-natal

Quem se submete ao parto normal tem recuperação melhor e mais rápida, especialmente quando amãe se prepara com antecedência para o nascimento do filho, por meio de ginástica para gestantes, ioga, entre outros métodos.

A obstetra Carla Daher revela que dois dos seus três filhos nasceram pelo método humanizado, tudo de forma muito natural, rápida e, acredite: praticamente indolor. A obstetra trabalha juntamente com Rita Pinho, que tem mais de 10 anos de experiência na preparação de gestantes antes e durante o parto.

Há cinco anos, ela lançou o espaço ventre livre, cujo público-alvo são as gestantes e mulheres no pós-parto. O local oferece ioga, cursos de parto, arte-terapia para grávidas e palestras.

Segundo Rita, a ioga é importante especialmente para melhorar a capacidade de concentração, o que é muito benéfico à gestante. "A técnica também proporciona alongamento, melhoria da postura e há, ainda, a vantagem de a grávida estar num grupo no qual as pessoas falam sobre o mesmo assunto de interesse", conclui.

Investimento no bem-estar

O Hospital Daher também é um exemplo no incentivo ao parto humanizado, oferecendo suítes exclusivas para as gestantes. A obstetra Carla Daher conta como investiu na ideia: "Cheguei em Brasília em 2003, trabalhava em hospital público e achava um
absurdo as mulheres morrerem de sede e não poderem beber água ou sentar. Isto estava errado. Nós estávamos errados. Então, parti em busca de mudanças nessa área, especialmente após abrir meu consultório no Hospital Daher", relata.

Para ela, o nascimento humanizado nada mais é do que ver o parto como um evento fisiológico, respeitando o desejo da mulher de viver esse momento ao seu modo. "Para dar à luz a um filho, basta um cantinho sossegado e tranquilo,ondea pessoa se sinta segura",
explica a obstetra.

Segundo a médica, a mãe deve adotar a posição que seja melhor para o nascimento de seu bebê e seguir a sua intuição. "As pessoas costumam associar erroneamente o parto normal a algo antigo, desprovido de recursos, e com muita dor", prossegue. "A vantagem do método humanizado, ameu ver, é permitir à gestante maior interação consigo mesma e com o seu bebê. Nesse momento, a mãe parece se sentir plenamente capacitada para cuidar desse novo ser que ela mesma colocou no mundo com o seu próprio esforço".

Carla costuma acompanhar detalhadamente a evolução das gestações de suas pacientes e também faz visita domiciliar a cada uma delas.

A médica explica que cerca de 95% das mulheres possuem gravidez de baixo risco e podem se submeter ao parto normal. "Se, eventualmente, algo não der certo durante o procedimento, eu opto pela cesareana.

Neste caso, é um recurso cirúrgico necessário para uma conclusão satisfatória tanto para a mãe quanto para o bebê. Contudo, não aceito fazer parto com dia e hora marcados, pois há maior propensão da mãe vir a sofrer de depressão pós-parto. A cirurgia traz maior probabilidade de contração de infecções e, além disso, a criança pode apresentar dificuldades na hora de mamar, visto que ela saiu da barriga sem esforço algum", avalia a especialista.
Hoje, a demanda por partos normais no consultório da obstetra é tão grande que não há espaço para cesáreas eletivas. A médica organizou um quarto comum no Daher com uma banqueta de parto natural, bola suíça, entre outros objetos. Com a reforma do hospital, ela incrementou a suíte, acrescentando isolamento acústico, barras nas paredes para acocorar e agachar, colchão de casal e banheira para relaxar durante o trabalho de parto.