A riqueza é uma expressão simbólica para a existência de um recurso. Os recursos são medidas de antecipação das possibilidades. Se há recursos, materiais e cognitivos, então é possível resolver problemas e atender demandas. A moeda é a expressão das distribuições de possibilidades entre as pessoas. Dinheiro não passa de ingresso para o banquete vital que a riqueza coletiva proporciona.
Assim, a riqueza da humanidade pode ser expressa em bens de civilização. Como tal a riqueza jamais pode ser produzida individualmente.
Indivíduos se beneficiam das riquezas produzidas pela espécie através de incontáveis gerações ao longo dos séculos e dos milênios. Portanto, existem bens que não podem ser privados. São, por definição, a produção coletiva dos homo sapiens.
Há benefícios acumulados através de centenas de milhares de anos desde o domínio do fogo, da invenção da agricultura e da linguagem escrita, que pertencem a humanidade.
Mesmo o conhecimento que deu origem à moderna tecnologia (que está permitindo a substituição de humanos por máquinas, sistemas de informação e inteligências artificiais) não se deve a um ou outro gênio de oportunidade. São conquistas da espécie e, como o destino de cada um e de todos, devem ser distribuídos de modo equânime.
A liberação da humanidade do trabalho não deve servir ao enriquecimento de uma pequena elite mundial, dona de robôs e inteligências artificiais. A própria noção desse tipo de propriedade é um crime contra a espécie humana. Todos devem poder se beneficiar da riqueza que deriva do desenvolvimento de recursos tecnológicos.
Não há uma justificativa ética para que uma pessoa desempregada pelo desenvolvimento tecnológico viva na miséria. Nós conseguimos nos libertar das privações. Será que jamais poderemos nos libertar da mesquinhez, da ganância e do egoísmo?