Em nome da gestão colegiada no PSF Jaciobá, Girau do Ponciano, Alagoas
Estou há cinco meses trabalhando como médico do PSF no município de Girau do Ponciano, localizado no agreste de Alagoas, com uma população aproximada de 35.000 pessoas.
Estive quatro meses com a equipe do PSF Barbosa e a partir de 01.03.2012 me transferi para o PSF Jaciobá.
Um dos atrativos de Girau é o pagamento em dia do salário dos trabalhadores vinculados à prefeitura.
O ideário da supervisão faz parte do modelo gerencial da Secretaria Municipal de Saúde.
O Secretário de Saúde é um odontólogo com vivência na atenção básica.
Entre o secretário e o médico, existem pelo menos tres instancias gerenciais.
São tres enfermeiras, uma delas assessora especial do secretário, outra na coordenação da atenção básica/PSF e outra na supervisão de fato do cotidiano das equipes e unidades de saúde.
Não há nenhum médico no assim chamado núcleo central da secretaria de saúde.
No município de Girau temos 13 equipes do PSF, num município com 500 km2 de área territorial.
O povoado Jaciobá está situado há 30 km aproximadamente da sede do município, 20 deles cobertos por estrada de barro.
Surge a distancia e o tipo de estrada como primeiro elemento dificultador do gerenciamento da nossa estrutura.
Não há telefonia celeular disponível na comunidade, e aí surge uma segunda dificuldade, a comunicação nossa de cada dia.
A gerencia financeira do município é centralizada, embora a saúde tenha seu fundo municipal gerenciado pelo secretário da saúde.
As unidades não tem nenhuma autonomia financeira, os tranportes da saúde são gerenciados pela Secretaria de Transportes, se não estou enganado, a manutenção e eventuais pequenas melhorias e/ou reformas, estão a cargo da Secretaria de Obras, e assim por diante.
Autonomia gerencial da equipe de saúde está restrita a eventuais decisões técnicas e de logística, mas é praticamente nula do ponto de vista administrativo.
O perfil de nossa equipe é muito bom, o médico, a enfermeira, a auxiliar de enfermagem e até o piloto da viatura do PSF, são profissionais "rodados", cada um deles gozando de boa credibilidade pessoal e profissional.
Aí vem a pergunta crucial, dá para abrir mão desta equipe de saúde, para gerenciar de modo participativo esta unidade de saúde, ainda mais se esta equipe tem boa credibilidade no âmbito de um grupo populacional de 2.500 pessoas, distribuídas por sete comunidades, e se estas também estão abertas para parcerias e estratégias de gestão comunitária.
A gestão em parceria do núcleo central com a "ponta" parece ser caminho viável, exequível, de fácil administração, mas como novidade que será ou seria, é passível de eventual falta de compreensão do modelo, ou até quem sabe, um exagero administrativo.
Eu aposto na idéia, eu acredito neste modelo, e vou lutar muito, junto com minhas companheiras e companheiras de trabalho, pela parceria GESTOR-TRABALHADOR-COMUNIDADE.
Se assim não der certo, como será que vai dar!
Abraço fraterno,
Clyton Houly
Por patrinutri
Caro Clyton,
Muito bom compartilhar este espaco com voce, em especial por sua certeza de que a co gestao e o melhor caminho para a sustentabilidade do sus.
Tenho certeza de que se os servicos sejam planejados e construidos coletivamente serao mais eficientes para todos e prazerosos para a equipe.
Grande abraco,
Patricia S C Silva
Blumenau SC