Ações de prevenção e controle de agravos nutricionais em crianças em uma ESF de SP

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          No dia 21 de outubro de 2021, eu e meu grupo de colegas, estudantes de Medicina, da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), no Campus de Presidente Prudente, acompanhamos a “conduta interprofissional” de pesagem de crianças, realizada na Unidade de Estratégia de Saúde da Família Dr. Kasumaro Mushá, no bairro Jardim Morada do Sol, no município de Presidente Prudente, SP.

Os acadêmicos de Medicina são inseridos como membros das Equipes interprofissionais, desde o primeiro termo da Graduação em Medicina, graças a uma parceria firmada entre Academia e Serviço (PAPP/FAMEPP/UNOESTE e Secretarias Municipais de Saúde de Presidente Prudente e Álvares Machado), no interior de SP.

Esse “Plano de Ação” teve como objetivo identificar precocemente, por meio do Índice de Massa Corpóreo (IMC), na ação que acompanhamos, pequenos usuários do SUS que apresentavam sinais de desnutrição infantil. Sabe-se que o problema da desnutrição na infância se constitui como um dos principais fatores de risco para um bom desenvolvimento da criança, podendo provocar danos irreversíveis na saúde física e intelectual dos pequenos usuários do SUS.

As crianças que participaram do Plano de Ação, foram selecionadas a partir do cadastro dos pais para receberem o benefício do Governo Federal denominado de “Bolsa-Família”. Nós, acadêmicos fomos estimulados pela Facilitadora, a refletirmos sobre a importância da “Intersetorialidade” para o SUS. E assim, após a busca em referências confiáveis, conclui-se que a intersetorialidade é a articulação entre os sujeitos de setores diferentes, no caso “Setor Serviço Social” e “Setor Saúde”, com diferentes saberes e poderes, com vistas a enfrentar problemas complexos.

O acompanhamento do desenvolvimento da criança, na Atenção Primária à Saúde, deve buscar sua promoção e proteção, além da detecção precoce de alterações passíveis de modificação, que possam repercutir em sua vida futura. Isso ocorre, principalmente, por meio de ações educativas e de acompanhamento integral da saúde da criança, que deve ser realizado pela equipe interprofissional da ESF (Estratégia Saúde da Família).

Uma vez entendida a gravidade do problema da desnutrição infantil, cabe aos Estudantes de Medicina, inseridos como membros das Equipes Interprofissionais das ESFs, compreender como se dá o diagnóstico, o atendimento e acompanhamento da criança desnutrida.

Depois de pesquisarmos, novamente, em referências confiáveis foi possível elaborar um “passo a passo” sobre como realizar a investigação dos casos de desnutrição, na ESF:

ANAMNESE: procura-se avaliar principalmente as condições do nascimento da criança (tipo de parto, local do parto, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e nos tratamentos realizados) e os antecedentes familiares (as condições de saúde dos pais e dos irmãos, o número de gestações anteriores, o número de irmãos), muitas vezes já conhecidos pelas equipes de Atenção Básica.

EXAME FÍSICO: um exame físico completo deve ser realizado na primeira consulta de acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento por um médico ou enfermeiro.

DADOS ANTROPOMÉTRICOS: os registros do peso, do comprimento ou da estatura, bem como do perímetro cefálico da criança nos gráficos de crescimento, são recomendáveis para todas as consultas, para crianças de risco ou não, até os 2 anos de idade. Entre os 2 e os 10 anos de idade, deve-se aferir o peso e a altura e registrá-los no gráfico de crescimento a cada consulta realizada. A altura para a idade é o indicador mais sensível para avaliar o crescimento da criança, no entanto, para uma avaliação completa, devem ser utilizados, também, os índices de peso para idade, estatura para idade e índice de massa corporal (IMC) por idade.

AVALIAÇÃO DOS MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR: por meio dessa avaliação, é possível identificar se há alguma prática alimentar inadequada que possa estar relacionada ao baixo peso da criança. As informações poderão subsidiar os profissionais na tomada de decisão quanto às melhores orientações para promoção da alimentação adequada e saudável da criança.

         Os exames complementares: visa o estabelecimento de diagnósticos cujos anamnese e exame físico não são capazes de estabelecer isoladamente. Podem ser solicitados exames como:

  • HEMOGRAMA: avaliar anemia ou processo infeccioso;
  • EXAME PARASITOLÓGICO: verificar existências de parasitoses.

AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL: a desnutrição pode ter múltiplas causas, não estando necessariamente associada apenas a questões biológicas. Por isso, a investigação dos casos de desnutrição deve também incluir a avaliação das condições sociais das crianças e suas famílias de modo a identificar a presença de situações de vulnerabilidade social que podem ser determinantes para o desenvolvimento da desnutrição infantil. A vulnerabilidade social refere-se a uma diversidade de “situações de risco” determinadas por fatores de ordem física, pelo ciclo de vida, pela etnia, por opção pessoal etc., que favorecem a exclusão e/ou que inabilita e invalida, de maneira imediata ou no futuro, os grupos afetados (indivíduos, famílias), na satisfação de seu bem-estar – tanto de subsistência quanto de qualidade de vida. Por isso a avaliação da vulnerabilidade social deve ser feita para que a origem do caso de desnutrição possa ser identificada.

Posteriomente ao estabelecimento desse passo a passo no atendimento de crianças com desnutrição, a Facilitadora ressaltou a importância da aplicação do Princípio da Política Nacional de Humanização (PNH) denominado “Protagonismo do Usuário SUS” na transversalidade das ações desenvolvidas com os usuários que frequentam a Unidade de Saúde. Dessa forma, conclui-se com base na ação desenvolvida e em referências coerentes com o tema, que a desnutrição infantil é um grave problema e deve ser avaliado de forma minuciosa pelos profissionais de saúde. Assim, por meio de um bom atendimento, é possível oferecer uma boa condição de desenvolvimento e saúde para a criança afetada, minimizando os prejuízos acarretados pela desnutrição infantil.

BIBLIOGRAFIA

BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Manual instrutivo para implementação da agenda para intensificação da atenção nutricional à desnutrição infantil. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_instrutivo_implementacao_agenda.pdf. Acesso: 03 de novembro de 2021.