A noção de causalidade organiza a realidade num todo racionalizável. Ela resolve, precariamente, uma necessidade desesperada de cada um e de toda a espécie humana: A causalidade dá aparência de sentido ao mundo.
A noção de causa e consequência insere no real uma característica emergente e recente no fenômeno da vida. O intelecto, como a capacidade neuro cognitiva de refletir a realidade no âmbito intelectual ou mental, parece através da causalidade como uma característica fundamental do universo.
O problema é que essa relação é uma possibilidade hipotética, um axioma, uma especulação, indulgente e antropocêntrica, de nossa mente. Afirmar que a realidade é transparente para nossa cognição, para nossa inteligência, nos dá acesso a um certo conforto ontológico. Nos parece mais favorável exercer a autoconsciência acreditando na hipótese do universo ser espelhado em nossa forma cognitiva.
Entretanto, na medida em que às teorias científicas avançam, a causalidade tem se mostrado reducionista. A realidade parece mais complexa. Isso está de acordo com o fato de que o universo contém a mente e não o contrário.
O lado positivo dessa constatação reside no fato de que podemos estar no início da jornada do conhecimento. Assim, os pressupostos e crenças podem encontrar um lugar de direito nas formas políticas, na busca do bem comum.
Para isso só é necessário abdicarmos dos dogmas como certezas. Eles são legítimos como artigos de fé. Como tal, podem ser aceitos se não forem impostos e não justificarem a negação do outro.
A vida admite a diversidade como caminho de expansão. Toda vez que alguma forma, no interior da diversidade, se mostra em oposição à vida, o que cessa é essa forma. A vida segue.