Leitura de Markus Gabriel

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A possibilidade da liberdade se funda no fato de que a existência não se efetua sob o guarda chuva de uma totalidade não contingente. Tal absoluto não pode ocorrer no contexto de si mesmo.

Assim, é existente tudo que está em relação com outro existente. O mundo então não existe. Mas tudo que compõem o mundo, inclusive um determinado universo, existe no seu próprio campo de sentido.

Daí que, tudo estando em relação, é possível interferir, (co) existir e a interdeterminação num contexto de existentes que se afetam, a liberdade é uma possibilidade hipotética fundada na incerteza fundamental implicada na interação das partes do mundo.

O sentido da existência: Por um novo realismo ontológico de Markus Gabriel – Livros no Google Play

 

Pensando com Markus Gabriel

O regresso ao infinito é a repetição incessante com base numa mesma regra.

A contingência absoluta é uma abertura para o transfinito. Para eventualidades maiores que o infinito.

Assim são os “campos de sentido” em que objetividade e verdade podem existir como fatos adiante ou para além das perspectivas.

Ou seja, fatos e objetos existem de forma independente em relação aos mecanismos da consciência.

Uma verdade é o que não pode ser de outra forma no âmbito de um dado campo de sentido.

Assim, é verdade para um caçador coletor a planicidade da paisagem ao seu redor, de seu mundo, portanto.

Nesse campo de sentido não constavam, nem eram necessários os conceitos de mundo, planeta ou universo.

 

O mundo não existe, mas todos as suas partes, sim.

A realidade de nossas representações não implica numa realidade objetiva das mesmas.

Há, de fato, representações nas quais não é possível tropeçar, no sentido em que tropeçamos em uma pedra.
No entanto, isso não implica que objetos da imaginação tenham que ser excluídos da existência. Campos de sentido meramente imaginativos encontram seu lugar na realidade, segundo seus pressupostos de sentido.

Assim, cabe a mente ter um lugar no mundo e não ao mundo, ter um lugar na mente. Sendo a consciência um lugar para o aparecimento de lugares e de seus objetos, ainda que, existam transfinitas situações e objetos que jamais chegarão a ocorrer na mente.

Se a representação, enquanto imaginação (fenômeno da mente), enquanto referente, que se acrescenta ao mundo, sem uma relação absoluta com o referenciado, constitui um fato próprio da realidade, e é esse o caso, então o idealismo não está, necessariamente, em oposição, ao realismo.