Propriamente, nem se pode dizer que a consciência existe dado que ela é mais precisamente o ato de se observar conscientemente.
Programa é prescrição. Não se pode dizer que uma máquina prescreve a si mesma como agir. O que os algoritmos fazem é executar seus programas.
A inteligência, como tal, é orgânica. Assim, o pensamento vem sendo modelado em algoritmos. Isso reduz a inteligência a meros esquemas ou programas. Prescrições orientadas pelas formas, cambiantes, pelas quais nos definimos.
Assim como o modelo não é o modelado, como o mapa não é o território, a inteligência não pode ser o modelo do pensamento expressado num algoritmo.
Não há inteligência artificial porque cálculo não equivale à razão, a própria racionalidade não resume o que é uma espécie racional.
O que chamamos de inteligência artificial refere-se ao velho fetichismo da mercadoria. Isso de inteligência artificial interessa a quem detém os meios de produção das máquinas.
O mito de que uma mercadoria, como esta pela qual registro esses pensamentos, seja considerada mais inteligente que os trabalhadores que a trouxeram à existência é mera ideologia.
Nós podemos nos destruir com pedras e paus. Podemos fazer isso mais eficientemente com smartphones e aplicativos. Mas isso não se deve à agência de inteligência não biológica ou inteligência artificial.
Ainda somos seres que têm consciência de si mesmos e abismados por isso, podemos renunciar a nossa existência. Tudo depende da imagem conceitual de nós e do mundo que somos capazes de criar.