Seja AIDS, Crack ou o quê?

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"A culpa cai sempre no indivíduo"

Essa imagem foi trazida por uma querida companheira da PNH aqui https://redehumanizasus.net/59789-crack-a-epidemia-involuntaria-e-suas-consequencias, disponível na Revista Radis de dez/2012, que retoma essas discussões históricas, das ondas de preconceito, modulação midiática, entituladas de "epidemias"… 

 

Nos anos 90, a AIDS, "epidemia" e pânico. Muita gente se escondeu com vergonha de aparecer para o tratamento, tamanha "divulgação" e "preconceito mascarado". Hoje, usuários de crack cobram do "mercado" e da "sociedade" sua marginalização e a mídia vê sua mina, trazendo todo usuário como "esse marginal" — que bem é, de quem vive à margem, mas que pode ser qualquer um "dominado pela substância", mundo dos iguais. Quantos usuários de drogas desmontam essas estatísticas, trabalhando e levando uma vida "aceitável" durante o dia e de noite na boca? O jovem que cursava engenharia, abandonou e rouba para comprar crack… mas nem todo universitário que usa drogas confirma essa estatística. A entrada de drogas no país aumentou 200%? Mercado negro que alimenta a economia dos países… Mas a culpa recai no usuário, agora nasceu o "microtráfico"?  Enquanto "grandes" se beneficiam da lei proibitiva, desviando as atenções para os "marginais" e a justiça ocupando-se em "protegê-los da epidemia". Epidemia do mercado negro que culpa quem se entorpece pra sobreviver, para se entender, para mostrar que a história continua sendo escrita pela minoria. 

 

"A culpa cai sempre no indivíduo…" – diz  no Cartum.

 

"Droga devastadora". Uma rede de televisão fez a chamada de edição, lançando o "microtráfico" que aponta o "usuário" novamente: "ele vende e consome e rouba". E, assim, como Petuco escreveu em um belíssimo texto, "PRODUZEM IDENTIDADES À REVELIA DOS SUJEITOS E QUE HOMOGEINIZAM DISTINTAS SUBJETIVIDADES"!

 

Vale visitar a dissertação de Romanini, deixo o link https://docs.google.com/file/d/0B4yHr4rVVlxzNjkyMTg5OGQtNzMxMS00YzA2LTg1ODktMzgwYWVhYzM0Nzg0/edit?hl=pt_BR, post do blog https://redehumanizasus.net/12488-dissertacao-de-mestrado… argumentos frente ao senso comum.

 

O repórter enfatizou que a primeira internação compulsória foi realizada hoje em São Paulo, em que o usuário deverá ficar "cerca de 30 dias"??? Internação que inicia com tempo determinado? Como será o Projeto Terapêutico Singular que o usuário tem o direito de participar? Não há como  prevermos o tempo de internação que se diga "singular", sem que o usuário direcione esse tempo, segundo seu desejo, seus planos de vida, suas possibilidades… 

 

Compulsória no mínimo com abordagem TERAPÊUTICA! Possível. PTS, respeitando o direito de solicitar a saída a qualquer momento, senão pode ser outra coisa. Técnicos da saúde, informemos do que ocorre durante uma internação compulsória. Que no mínimo elas tenham abordagens que favoreçam torná-las voluntárias no decorrer dos dias, com humanização da atenção, leitos em hospitais gerais, e mesmo se em unidades "fechadas", que utilizemos suas chaves como as de nossa casa, em que abrimos em alguns momentos, fechamos em outros, sem que se configurarem prisões.

 

Quais foram as ofertas divulgadas para os internados após o tempo de desintoxicação?? Se não acontecerem ofertas, lembra mais um projeto-carrocinha… Que o pessoal dos direitos humanos estejam alertas, o Conselho Municipal de Saúde de São Paulo… todos.