Visita Aberta no Hospital Independência / Porto Alegre

Importante iniciativa!

A presença de uma pessoa ligada a rede social  fortalece a confiança, e faz bem à saúde do paciente, fazendo com que ele se sinta menos isolado no hospital.

Está de parabéns o coletivo do Hospital Independência de Porto Alegre pela implantação da Visita Aberta!

Compartilho aqui o poema extraido da Cartilha Visita Aberta e Direito a Acompanhante publicada pelo MS em 2007, que traz uma bela reflexão sobre o tema!

Forte Apelo

Para cuidar de alguém

No momento da enfermidade

Precisamos do calor

De toda a comunidade,

Dos amigos, da família,

De muita fraternidade

Por isso preste atenção

Naquilo que vou falar

Visita é uma coisa séria

Ajuda o doente a curar

Faz ele ficar ciente

Do que acontece no lar

Quando a doença pega

A pessoa desprevenida

Perdemos a confiança

Ficamos frágeis na vida

 Tudo fica diferente:

Passamos a ser doente

A casa fica distante

E tudo o que se fazia

A vida muda bastante

Parece ficar vazia

Ficamos sem paciência

E também sem alegria

Mas quando, no hospital,

Chega a hora da visita

Vem um clima diferente

E a gente acredita

Que tudo vai melhorar,

Que a vida vai ser bonita

A visita dos parentes

E dos amigos distantes

Dá força pra levantar

Tocar a vida adiante

 Sentindo que essa presença

Nos deixa mais confiantes

A gente se sente melhor

Dá vontade de comer

Falar das coisas da vida

Do que cerca o seu viver.

Então já não sou só doente

Tenho um nome, sou um ser.

Tenho um nome, SOU UM SER…

Que tem sua própria história

E posso mostrar pras pessoas

Toda a minha trajetória

E tudo o que sei e sou

Faz parte do meu viver!

Se o parente não chegou

Na hora do combinado

Pegou o caminho errado

Chegou um pouco atrasado

Não tem por que não entrar

É preciso entender

Que não foi caso pensado

Outra coisa é o horário

Que é sempre muito pouco

Pra tanto o que se falar

Pra tanto tempo distante

Seria muito melhor

Que tivesse acompanhante

Pra ajudar nos cuidados

E pra fazer companhia

Vigiar quando preciso

Sei que é muita correria

Não tem por que dispensar

Esse apoio dia-a-dia

Digo então pros hospitais

Como doente que fui:

Visita nunca é demais

É força que contribui

Pro enfermeiro ou doutor

Aliviar minha dor 

Por fim, quero dizer

Reforçando o meu recado:

No plantio da semente

Deve o chão tá preparado

Senão tem um grande risco

De nascer atrofiada

Meus amigos, meus irmãos

Que trabalham na saúde,

Preparem o coração,

Mudem de atitude,

Acolhendo os visitantes

De forma ampla, afinal

Que os serviços de saúde

E toda gente envolvida

Possam ser os guardiões

E os promotores da vida

Adotando a visita

Aberta no hospital

Olá, Carina!

Vi que em post anterior você inclui a imagem no corpo do texto, mas já faz algum tempo que ele foi publicado. Assim caso você deseje incluir a imagem anexa a esse post no corpo do texto mas tenha esquecido como fazer, deixo aqui o link com orientações: https://redehumanizasus.net/ajuda#imagens. Se tiver alguma dificuldade, avise que auxiliaremos você, ok.

Aproveito para parabenizar a Comissão de Humanização do Hospital Independência de Porto Alegre por este trabalho de ampliação da visita aberta, importante não só para a recuperação do paciente em tratamento, mas também para os familiares que o acompanham. No mês passado meu pai esteve internado na UTI em São José dos Campos, a 90 km de São Paulo, onde resido. Durante essas 3 semanas fui várias vezes vê-lo, sempre preocupada em chegar em tempo do horário de visita. Tomava o ônibus em São Paulo bem cedo para estar no hospital antes das 11h30. Se o horário prolongado de visitas funcionasse naquele hospital, eu poderia viajar mais tranquila, sem temer não conseguir ver meu pai no curto período das visitas à UTI. Toda essa preocupação de vários dias resultou numa dor lombar, que só se resolveu após o fim dessas viagens aflitivas, com o falecimento do meu pai em 1º de abril (piadista que era, se despediu fazendo piada, foi embora no dia da mentira!). Mas questiono a permissão de apenas uma pesso por vez. Dependendo do estado da pessoa (internada e visitante), a presença de outro membro da família ou amigo é muito importante para sustentar a força e o otimismo, e para amenizar o sofrimento. Meu pai esteve inconsciente durante todo o tempo de internação e, por mais que eu falasse bastante com ele sabendo que ele me escutava, em alguns momentos era bom ter minha irmã ou minha mãe (o limite lá era de dois visistantes por vez) ao meu lado nesse dolorido monólogo. Em uma dessas visitas esteve também meu tio que é médico (por isso permitiram 3 pessoas), e comentei com ele “olha pai, estamos de novo numa reunião familiar, como há muito tempo não fazemos!”

Uma outra questão não abordada no post é o horário de conversa com o médico da UTI. No hospital onde meu pai esteve, o médico só conversava com os familiares na parte da manhã, nessa visita das 11h30 (por isso eu ia vê-lo neste horário, para conversar com o médico e entender melhor a evolução do quadro). Para algumas pessoas (eu sou uma delas), as informações sobre a situação da pessoa amada internada são imprescindíveis para a sobrevivência e resistência a esses momentos difíceis. Se a informação sobre a saúde é um direito do paciente e de seus familiares/acompanhantes, não deveria haver limitação de horário para conversar com os profissionais de saúde e receber essas informações. O médico responsável pelos cuidados do meu pai foi bastante atencioso conosco, conversou comigo e com minha irmã na parte da tarde ao saber que vínhamos de São Paulo, mas esta foi uma conversa um pouco às escondidas, porque a regra não permitia o contato do médico com os familiares naquele horário. Então, gostaria de saber se o projeto aborda essa questão, e de que forma aborda.

Enfim, gostaria muito de acompanhar por aqui a repercussão dessa mudança e, se positiva, espalhar pelo Brasil experiência para que todos os pacientes, familiares e amigos se beneficiem com a ampliação do contato e do cuidado, que não é apenas médico e biológico, mas também social e afetivo.

Abraços,

Débora