A importância da visita domiciliar e a humanização

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A visita domiciliar é feita pela ESF.
Mas para começar, você sabe o que é ESF?
É a Estratégia Saúde da Família, esta por sua vez, visa a reorganização da atenção básica no país de acordo com preceitos do Sistema Único de Saúde. Em suma, é a porta de entrada para o SUS, a saúde da família está no primeiro nível de atenção no Sistema Único de Saúde (SUS) e é considerada uma estratégia primordial para organização e o fortalecimento da atenção básica. Esta estratégia tem contato direto com o paciente como indivíduo, pois não trata apenas a sua doença, mas busca principalmente a prevenção e promoção da saúde.
Para efetivar essas ações, é necessário o trabalho de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde, formadas por:
• 1 médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de família e comunidade;
•1 enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família;
•2 auxiliar ou técnico de enfermagem;
•5 a 6 agentes comunitários de saúde.
Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal;
•cirurgião dentista;
•auxiliar de consultorio dentário ou técnico de higiene bucal.

Os ACS são responsáveis por cobrir toda a população cadastrada na região da ESF.
Cada um deles possui no máximo 750 pessoas para realização de visitas domiciliares.
A partir do acompanhamento de um número definido de famílias, localização em uma área geográfica delimitada, são desenvolvidas ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes.
O ACS constrói um elo entre o paciente e a equipe, tem a capacidade de dimensionar os principais problemas de saúde, tanto do indivíduo quanto da comunidade.
Como obtêm este contato íntimo com o paciente, o mesmo deve se sentir confortável para que possa expressar e dizer com clareza suas necessidades e desafios do dia-dia, relacionado à saúde. É por isso a humanização é tão importante.

A ESF tem como estratégia de trabalho: conhecer a realidade das famílias pelas quais é responsável, por meio de cadastramento e diagnóstico de suas características sociais, demográficas e epidemiológicas; identificar os principais problemas de saúde e situações de risco às quais a população que ela atende está exposta; e prestar assistência integral, organizando o fluxo de encaminhamento para os demais níveis de atendimento, quando se fizer necessário.

Estudantes se inserem nas ESFs desde o 1º termo da Graduação Médica como membros das ESFs e as equipes de saúde da família estabelecem vínculo com a população, possibilitando o compromisso e a co-responsabilidade dos profissionais com os usuários e a comunidade, com o desafio de ampliar as fronteiras de atuação e resolubilidade da atenção.
Visto isso, no dia 02 de setembro às 9h50, os acadêmicos de medicina do 4º termo da UNOESTE (Universidade do Oeste Paulista) realizaram uma visita domiciliar acompanhados de sua professora, à um casal de idosos, cuja as condições eram carentes em muitos aspectos, principalmente financeira e emocional. O sentimento de felicidade era nítido de se ver, por terem pessoas cuidando deles com tanto zelo, além de os dando atenção. O carinho era incrível, não queriam nem que os estudantes fossem embora. Eles aferiram a pressão, glicemia capilar, auscultaram o coração, entre diversos exames físicos, além de uma longa e boa conversa. Orientações foram feitas para que pudessem promover a saúde.
O vínculo que se cria é de grande importância para adesão do tratamento médico.
E assim como diz o artigo “Humanização da equipe de enfermagem na visita domiciliar: enfoque na Estratégia Saúde da Família” – “A humanização deve ser valorizada por estar embasada em uma relação profissional/cliente, por incluir características pessoais, por olhar para as necessidades, pelo diálogo, escuta atentiva, visão holística, empatia, valores morais e éticos, e por incluir questões subjetivas como o amor, o pensamento, a valorização do ser, estabelecimento de vínculo, atenção, o querer, compreensão e carinho”.

A Política Nacional de Humanização se pauta em três princípios: inseparabilidade entre a atenção e a gestão dos processos de produção de saúde, transversalidade e autonomia e protagonismo dos sujeitos.

E no caso, a visita domiciliar proporcionou, a partir do estímulo da Facilitadora, o entendimento dos princípios do SUS. Exemplo: a integralidade, que está presente tanto nas discussões quanto nas práticas na área da saúde e está relacionada à condição integral, e não parcial, de compreensão do ser humano.
Por meio da visita, conseguimos enxergar que o sistema de saúde deve estar preparado para ouvir o usuário, entendê-lo inserido em seu contexto social e, a partir daí, atender às demandas e necessidades deste indivíduo.

Na perspectiva dos usuários, a ação integral em saúde tem sido frequentemente associada ao tratamento respeitoso, digno, com qualidade e acolhimento.
Dessa maneira, este valor paira como uma orientação geral nos serviços de saúde, já que o Estado tem o dever de oferecer um “atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais”, como oficializou a Constituição Federal de 1988.
As equipes das ESF estão capacitadas para atender a esta necessidade da população, o Estado deve estabelecer um conjunto de ações que vão desde a prevenção à assistência curativa, nos diversos níveis de complexidade.
Em relação à historia, este conceito também está ligado a um movimento de medicina integral, que denunciava a especialização crescente dos profissionais de saúde.
Houve uma Reforma Sanitária, e a atenção integral se tornou uma das diretrizes do SUS.
“A ‘integralidade’ é o eixo prioritário das políticas de saúde, ou seja, ela é um meio de concretizar a saúde como uma questão de cidadania.
Isto significa que precisamos compreender sua operacionalização a partir de dois movimentos recíprocos a serem desenvolvidos pelos sujeitos implicados nos processos organizativos em saúde: a superação de obstáculos e a implantação de inovações no cotidiano dos serviços de saúde, nas relações entre os níveis de gestão do SUS e nas relações destes com a sociedade”.

REFERÊNCIA:
PINHEIRO, Roseni. Integralidade. In: Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html>. Acesso em 25 de mar. 2014.

Estratégia Saúde da Família (ESF). Ministério da Saúde – Disponível em: aps.saúde.gov.br/ape/esf/
FIGUEIREDO, Elisabeth Niglio de. A Estratégia Saúde da Família na Atenção Básica do SUS.

HENRIQUES, Amanda Haissa Barros. Humanização da equipe de Enfermagem na visita domiciliar: enfoque na Estratégia Saúde da Família. – 2020. Disponível em: Revista Multidisciplinar em Saúde.