A PSICOLOGIA E AS PRÁTICAS DE HUMANIZAÇÃO: ASSISTÊNCIA AO IDOSO NO SUS

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Ana Cláudia Machado Paim

          Comunidade do Rede Humaniza SUS, é com muito prazer que me junto a vocês! Sou acadêmica do 4º semestre do curso de graduação em Psicologia da Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA). Sou filha de pais idosos e, cotidianamente, convivo com esta geração crescente. Por meio deste post, almejo discutir acerca das práticas de humanização na assistência da população idosa no SUS, sob o prisma da psicologia.

          Em 1994, aprovou-se a Lei Nº 8.842/1994, que estabelece a Política Nacional do Idoso (posteriormente regulamentada pelo Decreto Nº 1.948/96), como forma de reconhecer o crescimento da população idosa do país – a cada ano, o número desta fatia populacional aumenta cerca de 200 mil – e de suas significativas necessidades.  Busca-se, por meio desta supracitada lei, assegurar direitos sociais que garantam a promoção da autonomia, integração e participação efetiva do idoso na sociedade, de modo a exercer sua cidadania (2003).

           Com a implantação da Política Nacional de Humanização e Gestão do Sistema Único de Saúde (Humaniza-SUS), almeja-se abranger a humanização para além dos limites do âmbito hospitalar, visando a efetivação dos princípios dos SUS, nas práticas de atenção e de gestão, tornando-se mais humanizadas e comprometidas com a defesa da vida, fortalecendo o processo de pactuação democrática e coletiva que são estabelecidos por lei (LIMA, et al., 2010).

             Destarte, no contexto do SUS, aliado às práticas da Política Nacional de Humanização (2004), a Atenção Básica à Saúde constitui-se de um conjunto de ações que atentem para a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde, considerando o contexto sociocultural do usuário e, no caso da população idosa, converge-se, também, intervenção e medidas de reabilitação voltadas a evitar a sua exclusão do convívio familiar e social. Esta relação da psicologia no contexto do SUS se dá através da psicologia social comunitária. Neste contexto, assistência à população idosa é exercida por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF) (2003), prestando atenção específica, voltando-se para sua participação ativa e colaborativa na melhoria de sua qualidade de vida, oferecendo ao idoso e à sua família um cuidado humanizado continuado, através do acompanhamento, das orientações e do atendimento em domicílio.

            Nesta assistência humanizada, o papel do psicólogo é o de planejar ações que compreendam, prioritariamente, o processo de envelhecimento (considerando, principalmente, as alterações psicológicas) em sua totalidade (conhecendo seu dia-a-dia: hábitos, modos de ser e de pensar, valores, necessidades destes usuários), instigando à participação ativa, tanto no âmbito familiar, quanto em comunidade, objetivando a autonomia dos mesmos. É nesta perspectiva que a psicologia vem trabalhando na Atenção Básica à Saúde, atendendo gratuitamente a população idosa, intervindo diretamente em seus contextos familiares e comunitários, propondo desenvolver estratégias (individuais e coletivas), frente aos processos promoção/prevenção da saúde.

              Neste cenário, apesar da existência do SUS e de seus programas instituídos neste país, é imperioso que a população, como um todo, cobre que os gestores deste sistema invistam na melhoria das instalações e em estruturas físicas adequadas, no atendimento de qualidade, na capacitação e na valorização de seus profissionais (incentivando, também, o ensino e a pesquisa na assistência e no processo de envelhecimento) e, em especial, na atenção voltada ao público idoso, assegurando seus direitos.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do idoso. Brasília, 2003.

_____. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Humaniza-SUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. (Série B. Textos Básicos de Saúde). Disponível em: < bvsms.saude.gov.br/bvs/…/humanizasus_2004.pdf> Acesso em: 19 abr. 2019.

CARVALHO, L. B.; BOSI, M.L.M.; FREIRE, J.C. Dimensão ética do cuidado em saúde mental na rede pública de serviços. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 4, 2008, p.700-706.

CHAVES, E. C.; MARTINES, W. R. V. Humanização no Programa de Saúde da Família. O Mundo da Saúde, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 274-279, abr.-jun. 2003.

LIMA, Thaís Jaqueline Vieira de [et.al.]. Humanização na Atenção à Saúde do Idoso. Saúde Soc. São Paulo, v.19, n.4, p.866-877, 2010.

Thumé E, Facchini LA, Tomasi E, Vieira LAS. Assistência domiciliar a idosos: fatores associados, características do acesso e do cuidado. Revista Saúde Pública. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rsp/2010nahead/1961.pdf> Acesso em 16 abr. 2019.