Acesso e Compartilhamento da Experiência na GAM: O Manejo Cogestivo – Resenha Crítica
O artigo Acesso e Compartilhamento da Experiência na Gestão Autônoma da Medicação: O Manejo Cogestivo fala não somente sobre o GAM em seu modo geral, mas em uma perspectiva e demanda advinda das especificidades do sistema de saúde mental do país, bem como às particularidades culturais e sociais. Esse é um tema de extrema importância não mencionado na sociedade, o Guia de Gestão autônoma da medicação já não é falado, o GAM-BR, muito menos. As diferenças sociais e culturais do país mostram a necessidade de ampliação do conhecimento médico, e tal conhecimento não se resume apenas ao cunho científico, mas sim a vivências e compartilhamento de informações entre profissionais da área da saúde, onde sabemos que isso não acontece hoje em dia. A pesquisa realizada envolvendo a participação de dez usuários, um psiquiatra do CAPS, um terapeuta ocupacional do CAPS e três pesquisadores da UFF reflete nessa necessidade de promover práticas mais humanizadas e participativas em saúde mental, especialmente no que diz respeito ao uso de medicamentos psiquiátricos.
A partir da iniciativa da pesquisa, foi ali desenvolvida não apenas a promoção de práticas mais humanizadas e participativas em saúde mental, mas também um desenvolvimento e um trabalho sobre o eu do sujeito. Dar voz aos usuários que vivenciam o tratamento, cada um de formas particulares, e mostrando que o relato deles é sim importante, que não é só mais um número na sociedade ou para um trabalho de pesquisa. Nos dois relatos do artigo é muito forte a questão da imagem discriminatória socialmente estabelecida da loucura, por ser usuário de medicação psiquiátrica por si só já gera preconceitos, mas além disse esse sujeito é paciente do CAPS, possui uma renda baixa e se for uma mulher negra o preconceito é triplicado. O termo sintonia de afeto trazido no artigo me chamou atenção devido ao seu conceito ser essencial e não levado em consideração no dia a dia dos trabalhadores da saúde (e aqui abro um parêntese, pois isso não é uma crítica aos trabalhadores, mas sim a forma com a qual eles são designados a trabalhar). A união dos termos de sintonia dos afetos e contração possibilita o surgimento de equilibrar a sensibilidade emocional e a contenção adequada para promover um ambiente terapêutico eficaz e centrado no usuário, não apenas no resultado da medicalização.
A pesquisa foi feita no CAPS Casarão da Saúde de São Pedro da Aldeia, cidade da região litorânea do Rio de Janeiro, onde a cultura se distingue da cultura da região sul, por exemplo. Logo, para melhorar ainda mais a aplicabilidade do GAM-BR, projetos futuros deveram ser desenvolvidos em regiões macro de cada estados brasileiros, posteriormente em regiões micro, dando voz ao sujeito, suas experiências, vivencias e sentimentos, pois ao levarmos em consideração o sujeito e sua totalidade e seu ambiente como principais objetivos estaremos promovendo intervenções mais assertivas gerando resultados imensuráveis.
Link do artigo usado: https://redehumanizasus.net/1o-grupo-de-gestao-autonoma-da-medicacao-de-alagoas/
Por Sérgio Aragaki
Olá, Giulia!
Muito importante essa sua publicação, trazendo algumas informações e reflexões.
Devagarinho a gente vai ampliando a humanização na saúde, e uma das práticas que fazem isso é a GAM.
Seria muito importante se vc pudesse inserir o link do artigo dentro da sua publicação, para facilitar o acesso às pessoas que queiram lê-lo.
Aqui em Maceió criamos, recentemente, o primeiro grupo GAM de Alagoas, e é em parceria entre universidade, UBS e CAPS. O link é esse: https://redehumanizasus.net/1o-grupo-de-gestao-autonoma-da-medicacao-de-alagoas/
Na RHS temos outros posts que tratam da GAM. Vc pode fazer a busca que encontra facilmente. Tais como:
https://redehumanizasus.net/site-do-observatorio-internacional-das-praticas-de-gestao-autonoma-da-medicacao-esta-no-ar/
https://redehumanizasus.net/experiencias-da-gam-canada-e-brasil/
https://redehumanizasus.net/praticas-desmedicalizantes-e-os-avancos-e-desafios-no-tratamento-dos-transtornos-mentais/
AbraSUS!