As interfaces da violência contra a mulher.

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Olá pessoal, me chamo Bruna Alves e sou estudante de psicologia do quarto semestre da FISMA (Faculdade Integrada de Santa Maria-RS). Através desse texto gostaria de salientar alguns pontos que considero de grande importância, baseado na leitura do caderno 4 do HumanizaSus –Humanização do parto e nascimento. Com foco na violência institucional à rede de maternidade infantil.

A violência infelizmente está muito presente na nossa sociedade, expressa em diversos contextos, em diversas formas que vão além da força física e que podem ser mais opressoras que tal, segundo a autora (ANNATALÁLIA M.A.GOMES) “a violência estrutura é uma força no âmbito macrossocial que limita injustamente o acesso aos desfavorecidos, já violência institucional é exercida pelos serviços públicos, por ação ou omissão, e o poder abusivo que estado executa nesses espaços” (p.138). A violência simbólica é a maneira mais infiel exercida pelos agentes institucionais sobre as classes populares; Todas essas representações de violência ofendem a dignidade e desrespeitam o direito do outro.

A violência obstétrica que muito está em destaque atualmente, se apresenta em diversos contextos, como por exemplo na negligência assistencial, na discriminação, na violência verbal (tratamento grosseiro, ameaças, reprimendas, gritos, humilhação intencional); violência física, incluindo não uso de medicação analgésica quando tecnicamente indicada; violência sexual, ou o abuso propriamente dito, e preconceito com certos grupos populacionais, qualquer tipo de violência contra a mulher é uma questão de saúde. Respeitar a escolha da gestante é o passo mais importante nesse momento.

Na maioria das vezes a mulher não denúncia esses acontecimentos, por medo, ou por não entender que isso é um abuso, e torna-se ainda mais grave em virtude da situação de vulnerabilidade em que a mulher se encontra no momento. Ter um acompanhante nesse momento é imprescindível e garantido por lei, “A mulher tem direito à presença de um acompanhante de sua livre escolha durante o pré-parto, parto e pós-parto imediato, e esse acompanhante deverá ser indicado por ela, independente do sexo” (Lei 11.108, 2005).

O Sistema Único de Saúde- SUS, ao estabelecer o acesso universal busca reduzir as desigualdades desse sistema. Hoje são realizados muitos esforços para aperfeiçoamentos na qualidade do atendimento, criando estratégias de humanização, integridade, universalização ao acesso desses espaços, por meio de politicas públicas.

Em meio a essas práticas tem se uma esperança em uma relação de equidade e igualdade entre profissional-usuário na humanização da saúde, em especial ao acompanhamento da gestante. E mesmo com todos esses direitos garantidos porque ainda existem relatos de descaso e violência com gestantes na área da saúde? E qual a melhor forma de combater esses acontecimentos?

Essa questão é muito difícil de ser respondida, mas principalmente a falta de empatia com o usuário, a dificuldade de se colocar e respeitar o espaço do outro, em algumas vezes, o desgaste dos profissionais da saúde, que por muitas vezes estão em longa jornada de trabalho, e não compreendem o quão significativo é o seu trabalho naquele momento. Mas segundo OMS “atualmente não há consenso internacional sobre como esses problemas podem ser cientificamente definidos e medidos”, mas são fatores que não justificam estes acontecimentos.

A melhor forma de combater esses abusos, é se prevenindo, se preparando, saber seus direitos e deveres, estar sempre acompanhada nessas ocasiões e denunciar sempre que algo que estiver ocorrendo não lhe parece correto. Enfim gostei muito dessa temática e a intenção foi gerar um impacto e fomentar essa questão, para que se torne uma luta de toda a sociedade.

 

Texto desenvolvido para a disciplina de Psicologia da saúde, ministrada pelo Ms. Douglas Cassaroto.

Referências: Caderno  HumanizaSus volume 4 – Humanização do parto ao nascimento.

Lei nº 11.108

Organização Mundial de Saúde, disponível em:https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/134588/WHO_RHR_14.23_por.pdf;jsessionid=A33A117076BA3384A70E545F7FDD80CA?sequence=3