Bem diferente dos antigos manicômios cercados de altos muros, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) surgiram como espaços que buscam o tratamento interdisciplinar de pessoas com transtornos mentais graves, como a depressão, bipolaridade e dependência química. Os funcionários não utilizam uniformes ou jalecos, o ambiente é tomado pelo colorido das peças produzidas nas oficinas de arte. Nesse espaço, a conversa e a troca de saberes fazem parte do dia a dia.
Criado como um serviço comunitário, o CAPS substitui a internação psiquiátrica e é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento é indicado por clínico geral, ou pela busca espontânea. O usuário passa a frequentar o local, após as análises individuais feitas pela equipe multiprofissional.
Em 2016 Santa Catarina contava com 99 centros psicossociais, onde atuam psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, farmacêuticos, pedagogos, assistentes sociais… Em Joinville, a rede voltada à saúde mental é composta por diversos níveis: SOIS, SAPS, CAPSi Cuca Legal, CAPS AD, Unidade de Acolhimento, Serviço Residencial Terapêutico, CAPS II Nossa Casa e CAPS III Dê-Lírios.
O CAPS Infanto-Juvenil Cuca Legal oferece cuidados para crianças e adolescentes entre 10 a 17 anos que apresentam transtornos graves e uso de substâncias psicoativas. O atendimento é semanal, com atividades de reinserção social.
O CAPS Álcool e Drogas e a Unidade de Acolhimento atuam no combate ao vício utilizando a estratégia da Redução de Danos, buscando junto aos usuários a reconstrução do seu projeto de vida muitas vezes destruído pela dependência.
Atendendo adultos que apresentam isolamento social, perda de autonomia e alucinações, o CAPS II Nossa Casa faz atendimentos semanais e traz aos usuários oficinas de arteterapia, atendimento médico e grupos de apoio psicológico.
O CAPS III Dê-Lírios atua há 10 anos. A unidade fica aberta 24 horas por dia e atende pessoas de 18 até 72 anos que apresentam esquizofrenia, depressão e bipolaridade. Como substituição ao internamento, existe a chamada hospitalidade noturna, os usuários frequentam a casa de acordo com sua necessidade. Há pessoas que passam um período por dia, outras ficam o dia inteiro, e algumas aparecem exporadicamente para as consultas.
O centro oferece grupos de apoio terapêutico e psico educacional aos familiares, além do acompanhamento na internação quando o paciente está em crise. Para Ana Lúcia Alves Urbanski, Terapeuta Ocupacional que coordenou a unidade deste sua fundação até janeiro de 2018, o vínculo da família com os pacientes torna-se imprescindível ao tratamento. “A família tem um papel crucial na melhora do usuário, pois o motiva a continuar na luta”, ressalta.
Contando com 280 pacientes, o CAPS III dispõe de atividades que envolvem desde teatro e pinturas àquelas que motivam a falar do problema. Ana Lúcia destaca que uma das soluções é desabafar. “Quando entramos em um CAPS, não imaginamos quais histórias vamos presenciar”, comenta.
“Isso muda a nossa forma de ser, pois vemos a dimensão da vida de outro jeito. O CAPS resgata as pessoas, ele é a segunda chance”.
Recordar é viver!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Olá Raphael,
Os dispositivos criados a partir da Reforma Psiquiátrica são exemplo do respeito aos cidadãos portadores de sofrimento psíquico. Mostram a capacidade criativa necessária para enfrentar modos realmente efetivos de inclusão das pessoas, exatamente o contrário das práticas de exclusão de toda espécie que só aumentam o padecer.
Belíssimo post!