Direção do HMIJS visita aldeia Tupinambá e promove escuta sobre serviços aos Povos Tradicionais

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A recepção começou com oração, pedindo proteção aos deuses e aos espíritos da mata. Uma forma de retribuir o acolhimento dado às suas parentes gestantes quando estas chegam ao Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, para parir. Foi assim que a diretoria do HMIJS foi recebida na Aldeia Itapoã, interior de Ilhéus, pelos Povos Originários Tupinambá. A iniciativa integra o “Programa HMIJS na Comunidade” e, pela primeira vez, aconteceu em uma aldeia. “Trata-se de uma ação extramuro para conhecer a cultura local, estreitar os laços para podermos ofertar cada dia mais uma melhor assistência do SUS em nossa unidade”, resume a diretora Domilene Borges. Ela esteve na aldeia Itapoã acompanhada do diretor-médico do hospital, Samuel Branco, e da coordenadora do Centro de Parto Natural (CPN), enfermeira obstetra Danielle Patrocínio.

A proposta de ir ao território é, também, com o objetivo de promover uma escuta sobre as necessidades desta população e adequar os serviços prestados no hospital respeitando aspectos religiosos e culturais da etnia. O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus prepara-se para ser a primeira maternidade da Bahia a contar com um programa de incentivo da atenção especializada para os povos indígenas. Com a iniciativa, o atendimento ganhará qualificação na prestação do serviço, respeitando contextos interculturais, cuidados tradicionais e a presença de atividades de educação permanente nas aldeias, dentre outros importantes eixos, conforme previsto em Portaria do Ministério da Saúde.

População representativa

Os Tupinambá estão situados em uma área de 47 mil quilômetros quadrados entre os municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, no Território Litoral Sul da Bahia. São 23 aldeias tradicionais e pelo menos 90 por cento desta área ficam localizados no município de Ilhéus. De uma população de 8 mil pessoas, aproximadamente 5 mil são mulheres. “A gente precisa conhecer as pessoas que nos procuram e que necessitam da nossa assistência para construir um serviço cada vez mais humanizado”, justifica Domilene. Paralelamente ao atendimento hospitalar, algumas parcerias foram debatidas no encontro, buscando qualificar ainda mais o atendimento do pré-natal em gestantes de alto risco e os serviços de pediatria das crianças da aldeia. “Inicialmente faremos da (aldeia) Itapoã o nosso projeto-piloto”, reforça o doutor Samuel.

“Esse é um momento histórico”, destaca o Cacique Gildo, uma das lideranças da etnia. “Jamais imaginávamos o hospital vir até a nossa aldeia. Isso fortalece a relação, por que tempos atrás já tivemos parentes nascendo dentro de carro, por que quando chegava a Ilhéus não encontrava médico e tínhamos que ir a Itabuna e não dava tempo”, lembra. Outra importante liderança Tupinambá, a Cacique Valdelice, destacou que orientações são sempre muito bem-vindas para o seu povo. “Isso é sempre importante para o nascimento dos nossos curumins”, completou. A diretoria do HMIJS anunciou que, em breve, uma equipe de enfermeiras e médicos vai visitar a aldeia e trocar experiência com as parteiras e doulas que moram em Itapoã. “Assim será possível, cada vez mais, a gente moldar os nossos serviços à cultura dos povos originários respeitando integralmente as suas tradições”, justificou Danielle Patrocínio.