Efeitos da pandemia na coleta de Papanicolau nas ESFs no interior de SP

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O afastamento dos usuários SUS dos consultórios dificulta a detecção da neoplasia de colo uterino, doença que é a quarta causa de morte das mulheres no Brasil.
As Facilitadoras do Programa de Aproximação Progressiva à Prática, na Universidade do Oeste Paulista, no campus de Presidente Prudente (PAPP/FAMEPP/UNOESTE) se reuniram com as gerentes de oito ESFs, nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado, para programarem ações de busca ativa para mulheres com exames de Papanicolau atrasados, para o semestre 1 de 2022.  A pandemia de Covid-19 fez com que as mulheres se afastassem das consultas de rotina, para coleta de colpocitologia oncológica.
A gestora e as facilitadoras analisaram dados das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgias Oncológicas. As profissionais de saúde constataram que 50 mil pessoas deixaram de fazer exames de diagnóstico de câncer em 2020, no Brasil.
A gerente observou que o volume de exames de Papanicolau caiu bastante durante a pandemia, nas ESFs de Presidente Prudente e Álvares Machado, o exame preventivo pode mostrar lesões de baixa gravidade que, quando tratadas, não evoluem para um câncer de colo do útero.
As participantes consideraram que o tumor de colo uterino se origina a partir da multiplicação desordenada de células anormais. Elas formam uma lesão e podem migrar para a circulação, atingindo outros órgãos e tecidos do corpo.
No caso do câncer de colo do útero, a principal causa da multiplicação desordenada é o papilomavírus humano (HPV). Esse vírus é transmitido, na maioria dos casos, pela relação sexual sem proteção.
A maioria das mulheres será exposta a este agente durante suas relações sexuais. De todas as mulheres que entram em contato com o vírus, uma pequena parte desenvolve as lesões relacionadas, sendo as mais habituais, as verrugas genitais, seguidas das lesões pré-câncer e do câncer invasivo.
A atenção aos sintomas e uma consulta, são capazes de indicar a necessidade do exame de Papanicolau, que também pode ser feito de maneira segura durante a pandemia, na ESF, quando observados todos os protocolos de segurança.
As profissionais consideraram que o câncer de colo do útero não mostra seus sintomas precocemente. Quando a usuária do SUS apresenta sangramento vaginal anormal ou menstrual mais prolongado que o habitual, secreção vaginal incomum, dor durante a relação sexual ou na região pélvica, a doença já pode estar instalada e provavelmente só poderá ser tratada com uma intervenção cirúrgica.
O exame para diagnóstico precoce do Câncer do Colo do Útero foi descoberto por volta de 1928 pelo médico pesquisador grego Geórgios Papanicolau. Inicialmente, foi recebido com certo receio e teve seu uso amplamente aceito somente após a publicação de estudo clínico comprovando sua eficácia no ano de 1939. A técnica do esfregaço de células cervicais logo se tornaria o conhecido Teste de Papanicolau. Como o teste era capaz de detectar câncer antes de qualquer sintoma, os médicos poderiam tratar o câncer antes que ele se espalhasse.
A mortalidade causada pelo câncer cervical diminuiu muito nos países onde ele passou a ser aplicado. Em 1954, Geórgios publicou o “Atlas of Exfoliative Cytology”, um grande trabalho com suas observações e estudos em citologia, incluindo descobertas de doenças em vários órgãos. O exame consiste basicamente na coleta de material do colo uterino com uma espátula especial, sendo este material colocado em uma lâmina e analisado inicialmente ao microscópio por um citologista (biólogo, biomédico ou farmacêutico) ou um médico citopatologista.
Para a coleta do material é realizado um exame especular, que consiste na introdução um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato), possibilitando que o médico faça a inspeção do interior da vagina e do colo do útero. A seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha. As células colhidas são colocadas numa lâmina para análise, e enviadas ao laboratório especializado em citopatologia.
Todas mulheres entre 25 e 64 anos e que já iniciaram atividade sexual devem colher o exame. Antes dos 25 anos prevalecem as infecções por HPV e as lesões de baixo grau, que regredirão espontaneamente na maioria dos casos. Após os 65 anos, por outro lado, se a mulher tiver feito os exames preventivos regularmente, com resultados normais, o risco de desenvolvimento do câncer cervical é reduzido dada a sua lenta evolução. É importante destacar que a priorização de uma faixa etária não significa a impossibilidade da oferta do exame para as mulheres mais jovens ou mais velhas. A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano.
Se o resultado for negativo para Câncer a usuária deverá fazer novo exame preventivo daqui a um ano. Se a cliente já tem um resultado negativo no ano anterior, deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a três anos;
Se tiver infecção pelo HPV ou lesão de baixo grau a usuária deverá repetir o exame daqui a seis meses;
Na lesão de Alto Grau: o médico decidirá a melhor conduta. A usuária do SUS vai precisar fazer outros exames, como a colposcopia;. Caso a amostra seja insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. A usuária deve repetir o exame logo que for possível.
Além de servir para a detecção de lesões precursoras do câncer do colo do útero e da infecção pelo HPV, o Papanicolau indica se a usuária tem alguma outra infecção que precisa ser tratada. Ela deve seguir corretamente o tratamento indicado pelo médico. Muitas vezes é preciso que o seu parceiro também receba tratamento. Nesses casos, é bom que ele vá ao serviço de saúde receber as orientações diretamente.
As organizadoras consideraram como positivo o planejamento para coletas de Papanicolau, com busca ativa pelos estudantes da UNOESTE, para o semestre 1 de 2022.

Referências: https://revistasfacesa.senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/94