Tem alguma coisa na existência, acho até que é óbvio, mas não conseguimos ver. É o que dá a minha vida e a de qualquer outro o mesmo tipo de valor.
Por isso não acredito em culpa. A culpa é uma espécie de ilusão.
A vida é positividade. Culpa equivale a um erro no modo de viver o próprio destino.
Se estamos vivos, a questão é o quanto afirmamos a vida.
Erro, portanto, é diminuir a vida. E afirmar a vida é sempre possível. Mesmo morrendo.
Então, o que achamos que é culpa ou equívoco, faz parte da vida. A questão é como vivenciamos isso. A alegria e a dor se confundem no parto. Ambas afirmam a vida, mesmo sendo opostos. Na tortura, a dor nega a vida. A negação da vida é o que rebaixa a vida. Equivale a vida vivida apenas como morte.
Sentimento de culpa pode ou não existir em algumas pessoas. Mas a palavra de onde vem a ideia de culpa é “causa”. Nós não podemos causar nada que não tenha sido antes causado, de alguma forma, em nós. Há um infinito encadeamento de causas e consequências, encontros, na visão de Espinosa.
Os seres, vão afetando uns aos outros desde a formação do universo. É isso que significa saber que somos feitos de relações anteriores – o destino já efetuado. Esse conjunto de relações ou encontros anteriores são o que nos dá a própria ideia que temos de quem somos. Isso, portanto, é determinado em grande parte. Se sabemos disso, então, podemos ter algum controle, mas jamais todo controle.
Somos seres da solidariedade e da comunidade. Uns dão consistência às almas dos outros.
Por Sérgio Aragaki
Nos encontros da vida nos fortalecemos e seguimos adiante. E não há vida sem encontros. Que sejam bons encontros como esses que a RHS tem nos promovido! AbraSUS!