Encontros

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Tem alguma coisa na existência, acho até que é óbvio, mas não conseguimos ver. É o que dá a minha vida e a de qualquer outro o mesmo tipo de valor.

Por isso não acredito em culpa. A culpa é uma espécie de ilusão.

A vida é positividade. Culpa equivale a um erro no modo de viver o próprio destino.

Se estamos vivos, a questão é o quanto afirmamos a vida.

Erro, portanto, é diminuir a vida. E afirmar a vida é sempre possível. Mesmo morrendo.

Então, o que achamos que é culpa ou equívoco, faz parte da vida. A questão é como vivenciamos isso. A alegria e a dor se confundem no parto. Ambas afirmam a vida, mesmo sendo opostos. Na tortura, a dor nega a vida. A negação da vida é o que rebaixa a vida. Equivale a vida vivida apenas como morte.

Sentimento de culpa pode ou não existir em algumas pessoas. Mas a palavra de onde vem a ideia de culpa é “causa”. Nós não podemos causar nada que não tenha sido antes causado, de alguma forma, em nós. Há um infinito encadeamento de causas e consequências, encontros, na visão de Espinosa.

Os seres, vão afetando uns aos outros desde a formação do universo. É isso que significa saber que somos feitos de relações anteriores – o destino já efetuado. Esse conjunto de relações ou encontros anteriores são o que nos dá a própria ideia que temos de quem somos. Isso, portanto, é determinado em grande parte. Se sabemos disso, então, podemos ter algum controle, mas jamais todo controle.

Somos seres da solidariedade e da comunidade. Uns dão consistência às almas dos outros.