Estudantes médicos abordam na prática, estratégias para a detecção precoce do Câncer de Mama ESF-SP

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O Curso de Graduação em Medicina da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), no Campus de Presidente Prudente, aposta na criação, pelos acadêmicos, de Planos de Ação, que emergem da Epidemiologia em Saúde, nos territórios das ESFs, com foco na Política Pública de Promoção à Saúde. Facilitadores e Preceptores Médicos  utilizam a Metodologia Ativa da Problematização para buscar melhorar a qualidade de vida das pessoas que residem nos territórios ligados a oito Estratégias Saúde da Família (ESFs), localizadas nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado.

Um dos Planos de Ação, executado no mês de Outubro de 2019, na ESF do Jardim Leonor, em Presidente Prudente, esteve ligado a se colocar em prática a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM).
Após participarem de algumas Reuniões de Equipe, com trabalhadores na saúde, ligados à ESF, estimulados pelos Facilitadores, os Acadêmicos resolveram aplicar as estratégias para a detecção precoce do Câncer de Mama. Essas estratégias envolvem: Diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença); e Rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e, a partir daí, encaminhar as mulheres com resultados alterados para investigação diagnóstica e tratamento).
As ações de Criação de Ambientes Saudáveis, relacionadas à Saúde da Mulher, fizeram parte da Campanha Anual do Outubro Rosa e mobilizaram a Equipe Inter profissional da ESF Jardim Leonor, em Presidente Prudente.
Após a realização do Plano de Ação, que emergiu da Metodologia Ativa da Problematização, Facilitadores utilizaram o Arco de Maguerez para provocarem Reflexões na Ação. Acadêmicos, após a busca em referências selecionadas e confiáveis, consideraram que a campanha internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, Outubro Rosa, foi organizada  no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data é celebrada anualmente e tem o objetivo de: Compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; Proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento; e Contribuir para a redução da mortalidade.
A ação de Promoção à Saúde, teve foco principal no Eixo da Educação em Saúde para pessoas que moram no território da ESF Jardim Leonor, em Presidente Prudente. Acadêmicos organizaram Rodas de Conversa com pessoas da comunidade com a finalidade de abordar as Causas de Câncer de Mama. Consideraram que o câncer de mama não tem uma causa única. Diversos fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, tais como: idade, fatores endócrinos/história reprodutiva, fatores comportamentais/ambientais e fatores genético-hereditários. Explicaram, na ação de Educação em Saúde, que as mulheres a partir dos 50 anos são mais propensas a desenvolver a doença.Mostraram que fatores endócrinos ou relativos à história reprodutiva incluem: história de menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos); menopausa tardia (após os 55 anos); primeira gravidez após os 30 anos; nuliparidade (não ter tido filhos); uso de contraceptivos orais e de terapia de reposição hormonal pós-menopausa, especialmente se por tempo prolongado. Facilitadores consideraram que o uso de contraceptivos orais é considerado um fator de risco pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS), embora estudos sobre o tema tenham resultados controversos. A Preceptora considerou que fatores comportamentais ou ambientais, considerados como de risco, incluem: ingestão de bebida alcoólica; sobrepeso e obesidade após a menopausa; exposição à radiação ionizante (tipo de radiação presente na radioterapia e em exames de imagem como raios X, mamografia e tomografia computadorizada).
Estudantes lembraram que o tabagismo é um fator que vem sendo estudado ao longo dos anos, com resultados contraditórios quanto ao aumento do risco para câncer de mama. Atualmente, há alguma evidência de que ele aumenta o risco desse tipo de câncer. Desse modo, consideraram ser importante não fumar e evitar o tabagismo passivo. Fatores genéticos/hereditários – foram relacionados à presença de mutações em determinados genes transmitidas na família, especialmente BRCA1 e BRCA2.
Acadêmicos ressaltaram que um risco elevado de câncer de mama inclui: história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos ou de câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade; história familiar de câncer de mama masculino; e diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atípica ou neoplasia lobular in situ.
Facilitadores salientaram que existem possibilidades para diminuir o Risco de Câncer de Mama.
Os docentes lembraram que alguns fatores comportamentais ajudam a diminuir o risco de câncer de mama. A amamentação protege do câncer de mama tanto na pré- quanto na pós-menopausa. A prática de atividade física também ajuda a diminuir o risco de câncer de mama, pois promove a redução da gordura corporal. Para câncer de mama na pré-menopausa a atividade física de intensidade vigorosa (nadar, correr, ciclismo, etc.) demonstrou um provável efeito protetor no risco da doença.
Acadêmicos ressaltaram a importância da Detecção Precoce do Câncer de Mama. Explicaram à população que a estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer. Nessa estratégia, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.
Dentre as Estratégias para a detecção precoce do Câncer de Mama o Autoexame das Mamas também foi citado pelos aprendizes.
Facilitadores consideraram que, na década de 1950, nos Estados Unidos, o autoexame das mamas surgiu como estratégia para diminuir o diagnóstico de tumores de mama em fase avançada. Ao final da década de 1990, ensaios clínicos mostraram que o autoexame não reduzia a mortalidade pelo câncer de mama. A orientação é que a mulher realize a auto palpação/observação das mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem nenhuma recomendação de técnica específica, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.
A equipe refletiu e chegou à conclusão de que deve ser dada prioridade na marcação de exames para as mulheres sintomáticas, ou seja, as que já apresentam alguma alteração suspeita na mama.        
Essa estratégia mostrou ser mais efetiva do que o autoexame das mamas, isto é, a maior parte das mulheres com câncer de mama identificou o câncer por meio da palpação ocasional em comparação com o autoexame (aproximadamente 65% das mulheres identificam o câncer de mama casualmente e 35% por meio do autoexame mensal). Preceptores citaram o rastreamento do câncer de mama como uma estratégia dirigida às mulheres na faixa etária em que o balanço entre benefícios e riscos dessa prática é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade.
No Brasil, conforme revisão das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama, publicada em 2015, a mamografia é o método preconizado para rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher. A mamografia de rotina é recomendada para as mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos.
A Preceptora médica explicou que o rastreamento pode ser oportuníssimo ou organizado. No primeiro, o exame de rastreio é ofertado às mulheres que oportunamente chegam às unidades de saúde, enquanto o modelo organizado é dirigido às mulheres na faixa etária alvo que são formalmente convidadas para os exames periódicos. Como a experiência internacional tem demonstrado que o segundo modelo apresenta melhores resultados e menores custos, a Equipe da ESF Jardim Leonor resolveu organizar uma busca ativa para mulheres do território, que estão na faixa etária de maior risco.
Acadêmicos consideraram que, nos países que implantaram programas efetivos de rastreamento, com cobertura da população-alvo, qualidade dos exames e tratamento adequado, a mortalidade por câncer de mama vem diminuindo. As evidências do impacto do rastreamento na mortalidade por essa neoplasia justificam sua adoção como política de saúde pública, tal como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Facilitadores consideraram que aproximadamente 5% dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres com alto risco para desenvolvimento dessa neoplasia. Os participantes consideraram como positiva a ação de Criação de Ambientes Saudáveis realizada no território da ESF Jardim Leonor, com foco na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.

Referências: O Câncer de Mama e o Outubro Rosa. Disponível em: https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/atencao-mulher/o-cancer-de-mama-e-o-outubro-rosa/&ved=2ahUKEwiDi6Pgz77lAhUhJrkGHYOfBL4QFjAAegQIAhAB&usg=AOvVaw1Uc1t6na-jHaPIN17atYDI.