Estudantes médicos colocam em prática a Política Nacional de Saúde da “PCD”, no interior de SP.

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  No dia 05 de setembro de 2023, eu e meu grupo de Acadêmicos da Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista, do Campus de Presidente Prudente, no Programa de Aproximação Progressiva à Prática (PAPP/FAMEPP/UNOESTE), fomos conhecer a Associação Filantrópica de Proteção aos Cegos de Presidente Prudente-SP. Esse foi um dos dias mais emocionantes da minha Vida Acadêmica, até o presente momento.

Um dos objetivos da Visita Técnica, que ocorreu sob supervisão docente, foi o de colocarmos em prática a Política Nacional de Humanização (PNH).

Entendemos que a Política Nacional de Humanização deve estar presente e inserida em todas as políticas e programas do Sistema Único de Saúde (SUS). A “PNH” procura transformar as relações de trabalho, nas Unidades de Saúde e também fora delas, a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e entre os grupos. Ela procura tirar os Trabalhadores da Saúde do isolamento e das relações de poder hierarquizadas.

Chegando na instituição, fomos recebidos de braços abertos e autorizamos a utilização de “vendas” nos nossos olhos, para que tivéssemos a experiência sensorial que os usuários cegos já têm. Foi uma experiência extremamente difícil “andar sem ter visão”. Fomos guiados pelo “piso tátil” que existe no local e tivemos orientações verbais de uma tutora. Dando pequenos passos, duros, e com muita paciência, andamos cerca de 30 metros em uns 5 minutos.

Quando tiramos as “vendas” dos nossos olhos, pudemos ver que as pessoas que estavam nos guiando eram os próprios usuários cegos da instituição. As funcionárias conversaram conosco sobre como guiar uma pessoa cega, “quando ela solicitar ajuda”, pois nem sempre elas precisam. Explicaram que devemos oferecer o nosso ombro ou o nosso cotovelo, avisando sobre possíveis barreiras ou depressões existentes. Aprendemos que, quando formos conversar com a pessoa cega, é necessário falarmos diretamente com ela e não terceirizarmos a fala. É importante termos empatia com a pessoa com deficiência (PCD), identificando-se e perguntando diretamente para ela e não para o seu acompanhante, a respeito das situações do cotidiano.

Aprendi que existem vários tipos de bengalas de condução e que cada uma delas indica um tipo de deficiência. A verde é para pessoas com baixa visão, a branca é para perda total e branca/vermelha para pessoas que, além da deficiência visual, também têm baixa audição.

Tivemos acesso às salas, nas quais as PCDs aprendem o “Braille”. Esse aprendizado é um desafio, pois cada combinação indica um algoritmo, seja letra, número, acento, ou uma pontuação.

Nessa instituição, os cegos também aprendem sobre matemática, artesanato, informática e situações cotidianas, como lidar com os afazeres domésticos, tipo “cozinhar, ou limpar a casa”. O usuários referiram que conseguem realizar atividades da vida diária, com as devidas limitações, esforçando-se diariamente para conquistarem maior autonomia, nas suas respectivas “maneiras de andar a vida”.

Tivemos acesso a uma “máquina de escrever” em Braille, o que foi muito interessante.

Pudemos apreciar uma “Receita de Manjar de chocolate e Coco, escrita em Braille, na visita.

Nesse “tour” guiado, o que mais me chamou atenção foi o “soroban” usado pelos cegos, na Instituição, para fazerem contas matemáticas. Fiquei impressionada com a dificuldade que é: “fazer contas utilizando o instrumento”. Já é difícil vendo o que está acontecendo, imagina para as “PCDs”, que não conseguem ver. Pudemos perceber que eles fazem as contas com a maior naturalidade e tranquilidade.

Esse foi, com certeza, um dos dias mais emocionantes da minha vida acadêmica, até agora. Eu me emocionei, vendo os usuários lendo e escrevendo em Braille com tranquilidade.

A Professora utilizou o “Arco de Maguerez” para estimular a “Reflexão na Ação”, após a Visita à Associação dos Cegos de Presidente Prudente.

Após a busca em referências confiáveis, entendi que a Política Nacional de Saúde da “PCD” foi instituída por meio da Portaria nº 1.060, de 5 de junho de 2002, estando voltada para a inclusão das pessoas com deficiência em toda a rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Esta Política se caracteriza por reconhecer a necessidade de implementar o processo de respostas às complexas questões que envolvem a atenção à saúde das pessoas com deficiência no Brasil.

Consideramos como positiva a Ação de “Promoção à Saúde”, realizada no território ligado  à Estratégia Saúde da Família (ESF), no município de Presidente Prudente, SP.

Referência:

Política Nacional de Saude da Pessoa com Deficiência. Disponível em: https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&opi=89978449&url=https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_pessoa_com_deficiencia.pdf&ved=2ahUKEwiDutDV35iBAxXSB7kGHRYlAUEQFnoECBAQAQ&usg=AOvVaw0KxDHH6Aq4CASYVqyIIHxZ. Acesso em 07 09 2023, às 10h 50min.

 

Autora: Estudante de Medicina Andressa Bosisio Carvalho.