Formando para humanizar ou humanizando para formar?

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Foi em uma noite fria de junho que aconteceu mais uma aula à distância do Curso de Psicopatologia e Saúde Pública da FCMSCSP, que reuniu trabalhadores da saúde e de outros setores vinculados às políticas públicas para debater a produção de redes de saúde.

Nesse dia 30/06/2022, o tema em debate foi a produção de coletivos e redes, na perspectiva da Política Nacional de Humanização (PNH). Discutimos diferentes perspectivas de ativação de redes e a produção de saúde incluindo sujeitos, analisadores e coletivos.

Discutimos também os dispositivos desta política, que ajudam que ela resista micropolíticamente a todos os desmontes que enfrentamos: PTS, acolhimento, apoio, etc… Rastros de uma produção que se capilarizou por todo país, em diferentes serviços do SUS. Perseguimos suas inovações, suas capturas, mas sobretudo, compartilhamos potências e limites desses arranjos no trabalho vivo em ato das pessoas presentes.

Me emocionei profundamente ao ouvir relatos e angústias de psicólogos(as), assistentes sociais, recepcionistas, agentes de saúde, um pároco, entre outros, que, mesmo depois de uma semana árdua de muito trabalho em saúde mental se colocam corporalmente disponíveis para pensar o cuidado, a gestão e a participação social no SUS e SUStenta-lo em seus cotidianos. Mulheres e homens de diferentes faixas etárias, com diferentes graus de experiência em rede, abertos para refletir, conhecer, trocar e ampliar seus pensamentos e fazeres.

Uma turma que perdeu um colega que se suicidou pelas angústias produzidas por um sistema adoecedor; uma turma que se abre para acolher colegas que perderam seus empregos ou sua saúde em um contexto de crise política e econômica, mas ainda assim, persistem em formar-se outro(a) para cuidar de si e da saúde de usuários e usuárias.

Como educadora, me sinto privilegiada por poder encontrar esses trabalhadores e trabalhadoras às quintas feiras à noite, aprender mais sobre a realidade do SUS e de diferentes territórios, me modificando também.

Nessa última aula, falamos também da Rede HumanizaSUS, esse dispositivo importante de construção de redes virtuais ativas na construção das políticas de saúde. Para finalizar, nos deixamos embalar pela poética do vídeo que os usuários mais intensivos dessa rede produziram. Deixo esse post para agradecer a essa rede e seus humanautas por aquecerem os corações de uma docente e dos estudantes/trabalhadores do curso.

A rede segue viva e fazendo viver mais!

Obrigada!