Ilhéus terá a primeira maternidade na Bahia com Plano de Ação para povos indígenas

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O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus é a primeira maternidade da Bahia a elaborar um plano de ação para a execução de um programa de incentivo da atenção especializada para os povos indígenas do estado. O HMIJS já atende, por mês, em média, 60 gestantes que se autodeclaram indígenas. Com a iniciativa, o atendimento – feito até aqui sem este plano de ação -, ganhará qualificação e recursos na prestação do serviço, respeitando contextos interculturais e cuidados tradicionais, além de outros importantes eixos, conforme previsto na Portaria 2.663, de Outubro de 2017, do Ministério da Saúde.

Com apenas sete meses de funcionamento, equipes técnicas do hospital estiveram reunidas neste período com representações indígenas do sul da Bahia, de entidades de proteção ao índio, do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia e da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) na fase organizacional do plano. O programa federal de Incentivo para Atenção à População Indígena (IAPI), visa adaptar o hospital para questões culturais e práticas compartilhadas de cuidado. A expectativa é que, já em setembro, após aprovação do Ministério da Saúde, gestantes indígenas de alto risco, bebês e crianças destas comunidades da região, passem a ser atendidas através do programa de incentivo.

Comunidade indígena

Na Bahia, existem 35 mil indígenas, de 20 etnias – dentre eles Tupinambá, Pataxó e Pataxó Hã-há-hãe, todas nesta região, distribuídos em mais de 130 aldeias por todo o estado. Juntos eles representam 0,5 por cento da população indígena do Brasil. O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, única maternidade 100 por cento SUS no sul do Estado, assumiu, neste plano de ação, ofertar um cuidado com práticas interculturais. “O cuidado não vem só da internação e do remédio. Vem, também, de quando você fortalece sua própria identidade. E muitas vezes contribui com a cura de uma criança ou de uma mulher grávida”, explica a diretora médica da instituição, doutora Esther Vilela.

Para além de formatar o documento que está sendo encaminhado ao Ministério da Saúde, os encontros serviram para identificar e conhecer melhor as práticas dos povos regionais e atende-los na proposta. De acordo com a diretora-geral, a psicóloga Aline Costa, a missão do hospital é receber estas populações, mas não só com a racionalidade médica. “Isso vai exigir da gente um deslocamento de como a gente pode ver o outro e de como podemos aprender outras culturas”, destaca.

Raízes Culturais

Dentre as medidas propostas no documento, o hospital precisa, por exemplo, ter uma área aberta adaptada para que as mulheres indígenas e parentes possam ficar, encontrando condições que as remetam às suas raízes culturais. A ideia é de composição de quartos temáticos, com alusão aos utensílios próprios, às coisas que são da cultura indigenista. O projeto perpassa ainda pela capacitação de uma equipe multidisciplinar que pense melhor desde a forma de acolhimento até a gastronomia indígena. O projeto não quer atrair para o hospital mulheres indígenas fortes, saudáveis, que podem parir em seu próprio ambiente comunitário, social. Mas oferecer condições humanizadas, respeitando as características culturais de um povo, às mulheres que precisam de um parto hospitalar.