Médica cria “Prontuário Afetivo” para atendimento de pacientes graves na UTI

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Médica cria “Prontuário Afetivo” para atendimento de pacientes graves na UTI

Impossível não se emocionar com essa iniciativa de acolhimento e de amor que a Dra. Isadora vem disponibilizando aos pacientes de covid-19, que ela atende no Hospital Universitário de Brasília, o HUB, no Distrito Federal.

Em meio ao caos provocado pela gravidade dos doentes e pela luta dos profissionais em salvá-los, a médica pensou uma forma de proporcionar mais leveza e esperança ao ambiente hospitalar, e implantou o “Prontuário Afetivo”. Uma forma de fortalecer a humanização da relação médico-paciente.

A reumatologista, que também é artista visual, teve a ideia de transformar as áreas do hospital destinadas ao atendimento de pessoas com Covid-19 num espaço de acolhimento com mensagens personalizadas sobre a vida de cada um.

O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde assumindo uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas adequadas aos usuários. (PNH, 2009)

Além da inclusão nos prontuários das informações clássicas como nome, idade, sexo e outras do gênero, também são incluídas informações sobre as preferências do paciente relativas à música, ao esporte, à natureza dentre outras.

O propósito da iniciativa é que os pacientes sejam lembrados pelos médicos pelas coisas que costumam lhes deixar felizes e que recebam um tratamento mais humanizado.

Com o objetivo de conhecer melhor as peculiaridades dos pacientes, ela conversa com os familiares para levantar as informações sobre os gostos de cada um.

Algumas informações levantadas e incluídas nos prontuários afetivos: “Gosta de música de cantoria e viola”, “torcedor fanático do Palmeiras”, “[contar que o] Palmeiras ganhou”, “gosta de barulho de água e de passarinho”, “gosta de Raul Seixas”, “gosta de música sertaneja raiz” e “cante pra ele” são algumas das mensagens que aparecem no post que Isadora fez no Instagram na útima segunda-feira (29.03).

Segundo a médica, esses pequenos detalhes fazem os pacientes, assim como os próprios profissionais da saúde, receberem tratamentos e momentos um pouco mais leves e menos difíceis em meio ao que vem sendo chamado de “cenário de guerra”

“Cansada de ouvir que estamos em uma guerra, resolvi fazer essas intervenções artísticas no covidário que trabalho”, contou ao mostrar as imagens em seu perfil da rede social.

Completando o post a médica adicionou: “Também me veio essa poesia: Cansada de ouvir que estamos em uma guerra resolvi fazer essas intervenções artísticas no covidário que trabalho. Também me veio essa poesia: Guerra / Não estou em uma guerra / Cuido de vidas, não ceifo / Dou conforto na passagem / E não tormento / Não sou movida a ódio / Mas a amor e afeto / Não quero ganhar / Quero empate / Minhas bombas são de infusão / Elas seguram almas / Seus barulhos são de alerta / E não de explosão e morte / Não sou um soldado / Minha vida vale / Não sou um número / Sou a ponte / Para o outro lado / Não julgo / Não quero saber seu passado / Apenas da sua vida / Agora / O ato / A cura / Não tenho armas / Nem balas / Tenho a ciência / O conhecimento das medicinas / Das prevenções / Do cuidado / As vacinas / Estou na linha de frente / E não escondido em uma trincheira / Na linha da frente / Da vida e da morte / Não obedeço ordens / Tenho autonomia / Penso / Existo / Trato precocemente a loucura / Da disputa e do poder / Por isso não esqueça / Não estamos em uma guerra! / A vida é mais do que perder / E ganhar / Nem tudo vale! / Me paramento / Se paramente / De amor / Para a esperança enfim / Renascer em nós!”

Fonte

https://vogue.globo.com/atualidades/noticia/2021/03/medica-reumatologista-cria-prontuario-afetivo-para-pacientes-com-covid-19-e-acao-do-bem-viraliza.html