Podemos, como metáfora de qualquer momento da vida, pensar que vivemos o auge da nossa autonomia no início da meia idade. Diferentemente do auge do vigor físico, que ocorre por volta dos 25 anos, é na maturidade que a noção da alegria atinge o ápice da combinação de força e consciência.

Jamais tivemos controle sobre tudo ao nosso redor. Mas do início da meia idade em diante, cada vez menos coisas, em nosso corpo e em nossa mente, estarão ao alcance de nossas decisões.

A meia idade marca o início de um tipo de autonomia marcada pela reação à perda de autonomia. Nós passamos a ter plena consciência de que não controlamos nossa biologia, que finalmente, começa a ceder diante do peso do tempo.

Isso exige uma gestão inteligente do desejo e da força.

O corpo é nossa única realidade. Ele exige cuidado e atenção. Cada situação – em que um desejo se desenlaça em acontecimento – tem um valor incalculável quando o corpo começa a dar os sinais claros de sua degeneração.

Ignorar a decadência da vida em nossa carne implica em renunciar a possibilidade de uma alegria, em nome da obsessão de negar a realidade. Quando o derradeiro limite se torna evidente, a realização de uma potência leva a um grande êxtase de alegria em estar vivo.