Finalmente a ilusão que já estava fraturada se desfez em pó. Muitos de nós agem de acordo com uma irresistível pulsão e desejo de morrer.
As mudanças estão de acordo com a realidade e não sintonizadas com crenças ou expectativas com “o dever ser”.
A humanidade terá que se adaptar à opulência e poder que a história lhe conferiu. Erradicar a fome e a miséria, realizar a plenitude de uma vida material digna, é essencial para a persistência da espécie humana.
Não sabemos exatamente como. Mas tudo o que sabemos, está de acordo com o resultado que vivenciamos. Precisamos aceitar o desafio que a história da espécie, no ambiente em que existimos, nos apresenta.
A ilusão que nos faz colocar o “dever ser” no lugar da realidade é o que impede que o que sabemos aumente nossa potência de agir. Sabemos exatamente o que devemos deixar para trás e o que significa persistir na existência.
Já abandonamos outros modos de vida antes. Inúmeras vezes. Deixar o capitalismo no passado é apenas mais um passo. Não o dar implica em jamais andar ou respirar outra vez.
Bolsonaro é efeito de um grande cansaço com a vida, de uma resignação com a negação da vida. Como resposta a uma vida que não é “o que deveria ser” abrimos mão do que poderíamos ser, da potência que temos de afirmar a vida.
Nós sabemos que colocamos o dinheiro acima da vida como vingança contra o fato de que a nossa vida é a vida da espécie humana e não o contrário. O culto a reprodução do capital é um sintoma de nossa suspeita contra a vida.
Uma parte da espécie está se auto destruindo porque não pode aceitar o movimento e a mudança inerentes a vida da espécie. Querem permanecer os mesmos ao custo do sacrifício da existência de todos.
A eleição dos negadores da vida, dos servos do capital, expressa essa pulsão de morte em que o culto ao capitalismo degenera em fascismo toda vez que a vida exige que a civilização se submeta ao imperativo inelutável e inexorável da mudança.
O resultado do primeiro turno é um alerta que não podemos ignorar. Ou acabamos com o capitalismo ou o capitalismo acaba com a espécie humana.