A solidão de quem perde um familiar, esposo, esposa, pai, mãe, filho, filha, amigo, amiga na Sindemia leva a uma reflexão sobre a dureza constante da existência e do valor esquecido da vida humana em nosso modo de vida.

Essa coisa de arrependimento é terrível. Seduz a gente porque dá um sentido para a dor que não pode ser reparada. Mas também acrescenta sofrimento ao que, em si mesmo, já é difícil.

A gente precisa conhecer e aceitar as forças que nos determinam. Achar que não deveríamos ser quem somos, quem vamos nos tornando, reduz a nossa possibilidade de agir, de afirmar a vida e nos fazer mais fortes.

O fato é que as pessoas vivem juntas, muito próximas de seus entes amados. Todos sob fortes pressões psíquicas, com muitas frustrações. Essa é a condição da grande maioria da humanidade.

Mas, até a perda de alguém querido, era assim a vida.

Então a perda de um companheiro, dá essa noção de que não eram as frustrações e dificuldades, nem o arrependimento e as culpas, que tornavam a existência dura. O pior era não ver, em meio a tanta confusão, o que realmente importava.

Sem, pelo menos, alguma forma de afirmação da vida, sejam quais forem suas condições, não podemos mudá-la. O mais comum é se enredar num ciclo de repetição e perpetuação de nossas fraquezas. Nesse caso, o desejo dá passagem ao ressentimento e a incapacidade de perceber o que temos de saúde e afirmação da vida em nós.

É preciso amar o destino para poder ser capaz de lhe dar um sentido e só então, alguma direção.