Relato de experiência no CAPS

8 votos

Este relato foi feito por três estagiários do 9°semestre de Medicina da UFAL, durante o estágio em Saúde Mental. Referente ao CAPS Dr. SADI FEITOSA DE CARVALHO pelos estagiários Gretty Ivane, Carlos Ferreira e Heleno Cícero. Nos quais foram  desenvolvidas diversas  atividades proativas e cruciais  para a formação médica. Sendo assim, esse mesmo relato tem como objetivo abordar os pontos mais importantes, ou que nos chamaram mais atenção durante o estágio no CAPS e expor os nossos conhecimentos, no campo da atenção psicossocial e desta forma atingir a população desinformada sobre o que é trabalhado nos CAPS.

Foram 3 semanas convivendo no CAPS (10/07/2023 – 01/08/2023). Inicialmente, foi possível entender a dinâmica de funcionamento do serviço, o papel que os funcionários desempenham e como os acadêmicos se inserem nesse contexto. Com o passar do tempo, já é possível identificar os principais atores do serviço, tanto profissionais quanto usuários, e ao mesmo tempo já ser identificado por eles. A adaptação à realidade da unidade é rápida e facilitada pela grande receptividade dos integrantes do serviço. Neste intervalo, acompanhamos a Equipe multiprofissional nas atividades desenvolvidas para estimular o interesse dos pacientes. Dessas atividades, as mais realizadas foram rodas de conversas, jogos, danças e músicas. Durante os jogos, é perceptível as competições, as alegrias e as gargalhadas dos usuários.

Durante o estágio, é possível compreender um pouco a respeito da importância de um Centro de Atenção Psicossocial no manejo, acompanhamento e reintegração de pessoas portadoras de transtornos mentais. Além disso, o CAPS desenvolve atividades de estímulo cognitivo dos usuários, criam meios para a interação social e melhoram a relação dos usuários frente às suas patologias. O CAPS apresenta uma estrutura que vai de acordo com o que os usuários precisam naquele momento. No serviço, os usuários têm acesso a atividades normalmente envolvendo interação social, atividade física, relaxamento, desenvolvimento pessoal, lazer, educação, entre outras. Essas ações contribuem para que os usuários recuperem aspectos elementares da vida humana como a criação de vínculo, a sensação de pertencimento e a autonomia. Além disso, é possível realizar um acompanhamento frequente desse usuário, que tem acesso em um mesmo serviço a ações, atividades, medicamentos e atendimento por equipe multiprofissional de saúde.

Apesar dos visíveis desafios enfrentados pelos profissionais do serviço, como a insuficiência de recursos, a quantidade insuficiente de funcionários e a infraestrutura limitada, esses exercem seus papéis com o máximo de capricho, sensibilidade e empenho possíveis. É perceptível que tais profissionais constituem a essência da unidade, desempenhando constantemente tarefas que extrapolam suas responsabilidades.

A experiência também contribui para a criação de um novo olhar sobre o paciente psiquiátrico e o estigma existente a respeito dos transtornos mentais. Ao contrário do que se possa imaginar, nem sempre é possível discernir quem é usuário e quem é profissional e a ocorrência de crises ou surtos associadas aos trantornos é relativamente incomum. Fica evidente que é sim possível manejar esses indivíduos sem a necessidade de intervenções manicomiais e essencialmente biomédicas. Apesar disso, é evidente a necessidade de se expandir a rede de atenção psicossocial como um todo, no sentido de aumentar a quantidade de serviços que permitam a moradia, a participação econômica, a reintegração na sociedade e as internações. Isso só é possível com a expansão e o fortalecimento de residências terapêuticas, de centros de convivência, dos próprios CAPS e dos programas como o de volta para casa.