Resenha do Artigo: Humanização e Reforma Psiquiátrica: a Radicalização Ética em Defesa da Vida.

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Resenha do Artigo – Humanização e Reforma Psiquiatrica: a Radicalização Ética em Defesa da Vida

Autoras do Artigo: Ana Rita Castro Trajano, Rosemeire Silva

Autores da Resenha: Kauane Moraes Lopes, Marcelo Menezes

Caderno Humaniza SUS, Saúde Mental, volume 5.

 

As autoras trazem uma proposta elaborada do conceito de humanização em conjunto com a luta antimanicomial, partindo da criação da Política Nacional de Humanização (PNH), em 2003, também chamada de HumanizaSUS, que foi criada para dar apoio ao SUS, restaurando e reforçando seus princípios, um sistema de saúde universal e igualitário. Com papel de promover saúde e a inclusão de todos os agentes que participam desse processo para que haja uma sistematização, uma união do coletivo que dará maior alcance e sustentação para o movimento.

 

A PNH parte do ideal de agir como uma política transversal e instituinte, usando um método chamado “método da tríplice inclusão”, isto é, três princípios no qual se elabora como política pública, são eles, indissociabilidade entre atenção e gestão, transversalidade e protagonismo. Esses princípios são baseados nas necessidades do Sistema Único de Saúde, buscam o comprometimento dos agentes desse processo, desde os gestores aos trabalhadores que proporcionam a saúde, uma maior comunicação intra e intergrupos, e uma maior corresponsabilidade e autonomia.

 

A busca por melhorias e em maior credibilidade no SUS, trouxe esperança para os usuários e fornecedores do sistema que já o consideravam corrompido e falho, a formulação da PNH veio como uma luz no fim do túnel para aqueles que já não acreditavam que o SUS poderia dar certo. Um sistema grandioso e com ótimos ideais como o SUS não poderia ser deixado de lado, foi então que a Política Nacional de Humanização entrou como uma política de apoio e reconstrução do sistema.

 

A luta antimanicomial e a PNH buscam exprimir que a clínica e a política não se separam, assim como a produção de saúde e produção de sujeito, e ambas estão juntas para a humanização na saúde mental. Entrando mais a fundo nesse assunto, o contexto de humanização na saúde mental, leva em conta não somente os princípios e objetivos fundamentais do sus, leva em conta os direitos, a subjetividade, o reconhecimento do outro como igual, mas também “instrumento de invenção de novos modos de existir” e uma busca para o alivio da dor.

 

A cidade de Belo Horizonte foi usada como exemplo contra a luta antimanicomial pelas autoras, em que até 1993 não haviam outros centros designados para a “loucura” a não ser os manicômios, como o passar do tempo, novos centros e lugares foram criados para acolher aqueles que eram considerados loucos. Mas a desistitucianalização, processo de desconstrução da lógica manicomia, ainda não alcançou por completo seu objetivo, o reconhecimento da cidadania e da humanidade como condições estruturantes de um tratamento, mas busca incessantemente por ele.

 

A partir da explanação e contextualização de diversos aspectos relacionados a saúde e a loucura que o artigo traz, pode se dizer então que a implementação da humanização, a luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica tem as mesmas diretrizes éticas e objetivos, a busca pelos direitos e pela cidadania, um tratamento e cuidado digno para o ser humano, levando em conta não só suas necessidades e o contexto no qual está inserido, mas a defesa e a valorização da vida.