SEMINÁRIO DE PSICOLOGIA : A ARTICULAÇÃO DE PAULO FREIRE E PICHON RIVIERE NO PROCESSO GRUPAL

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Sempre foi questionada a eficácia do processo educacional vigente, de forma verticalizada, impõe poder entre aluno e professor, designa metas alcançáveis de conhecimento através de notas e leva o desânimo e cansaço ao educando. Entretanto, Paulo Freire ao analisar a decorrência desta problemática, buscou entender maneiras para as quais poderia levar o diálogo e a horizontalidade para a sala de aula.

As linhas sutis de Freire encaminham-se para uma rua sem saída: o afeto. Antes de tudo dá caráter de ênfase a dialogicidade, buscando a autonomia do sujeito enquanto protagonista de sua própria jornada, mas que essa autonomia levasse e sustentasse o educando, na construção de uma ponte para a realidade. Uma ponte que tivesse bases firmes, onde o sujeito deve saber o seu contexto e conhecer si mesmo, tijolos concretados para que este saiba sobre sua cultura, e assim poder ler o mundo.

A leitura de mundo na qual Freire nos propõe é um desafio. Brevemente nos encaminha como autores de nossa jornada, mas com pés firmes ao chão, a tarefa de se educar – problematizando o mundo através de uma nova linguagem ou compreensão. Isto é, esclarecer aquilo que está escondido dentro de nós enquanto nos movemos no mundo. Entender e formatar falas e vocábulos, adequar-se ao ambiente. Como dizia Maritza Montero, é preciso conhecer para transformar, e transformar para conhecer.

Incrivelmente as relações nos processos grupais de Freire e Pichon Riviere se aproximam tanto que, ao meu olhar quase que ingênuo, a prática e o protagonismo dos sujeitos é primordial aos autores. O primeiro preocupava-se com a educação popular e o papel do educando, o segundo, por sua vez, inicialmente debruçava-se sobre a doença mental e a disfunção de aprendizagem. Posteriormente, definiu o grupo como organização objetiva e subjetiva, envolvendo racionalidade e afetividade.

Paulo designava maneiras para o debate, o livre exercício da democracia e a formação de espaços para além da escola. Desta forma criou os círculos de cultura, que tinham intuito de discutir a vida profissional, familiar, aprendendo e ampliando a leitura de mundo. Pichon Riviere manejou de forma definida a dinamicidade do grupo operativo, que alternava a relação aluno e professor.

A realidade endêmica que nos entrelaça afeta drasticamente a formação escolar das crianças, mas isso já teria sido contestado por Pichon na Teoria do Vínculo, pela qual delineia o ser como uma estrutura complexa, composta por sujeito, objeto e sua interação comunicativa- que é de suma importância o processo de aprendizagem. Ao seguir nessa linha de raciocínio, Paulo propõe uma aprendizagem baseada na educação, o diálogo, no homem como um ser de relações, em uma atividade criadora e a superação da consciência ingênua.

Por fim, o entendimento das articulações entre Paulo Freire e Pichon Riviere vão além das diretrizes e estratégias metodológicas. A construção da conscientização e do processo de aprendizagem, o dinamismo, o diálogo e a horizontalidade nos induz para um conhecer o mundo. Após a tomada de consciência, acontece a mudança no mundo, o diálogo é a postura democrática de escutar, problematizar e arriscar produzir conhecimento. A esperança de um amanhã, é a esperança de uma educação melhor.

´´Amanhã vai ser outro dia´´- Chico Buarque

Psicologia/ UEMG – Divinópolis MG

Disciplina de Dinâmica de Grupos

Docente: Ana Rita Trajano

Integrantes: Ana Luísa Lizidatti, Ana Clara Soares, Aléxia Fortes, Gabriela Garcia, Lucas Matoso, Paula Louredo e Victor Ribeiro.

REFERENCIAS

Afonso, Maria Lúcia Miranda, Vieira-Silva, Marcos e Abade, Flávia Lemos O processo grupal e a educação de jovens e adultos. Psicologia em Estudo. 2009, v. 14, n. 4, pp. 707-715. Disponível em: <>. Epub 11 Fev 2010. ISSN 1807-0329.

MATERIAIS USADOS

https://drive.google.com/file/d/1MhUE10TETJvVL6lDdyZPrngN8SHjEvMc/view?usp=sharing