Vivências de Estudantes Médicos na Zona Rural do interior de SP

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O Programa de Aproximação Progressiva à Prática Universidade do Oeste Paulista, no Curso de Graduação em Medicina (PAPP/FAMEPP/UNOESTE), no campus de Presidente Prudente, tem despendido esforços para buscar conformações efetivas integrando os cenários de prática, com a teoria, para contemplar as necessidades de saúde da população.
Os Facilitadores utilizam Metodologias Ativas como a Problematização, nos cenários das práticas, estimulando a criação de Planos de Ação, com foco na “Criação de Ambientes Saudáveis para a população que reside na área de abrangência da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Estudantes médicos, após realizarem uma revisão no prontuário médico, fizeram uma visita domiciliar supervisionada pela Facilitadora, para uma usuária do SUS, residente na zona rural do município de Presidente Prudente, no interior paulista.
No contexto da ESF, a visita domiciliária se constitui em uma atividade utilizada com a finalidade de subsidiar a intervenção no processo saúde-doença das pessoas, ou para planejar ações com foco na promoção da saúde para a coletividade.
Após a visita domiciliar realizada na zona rural, a Facilitadora utilizou o Arco de Maguerez para estimular a reflexão na ação.
Os acadêmicos consideraram os mecanismos da causação extra biológica das doenças e da relatividade do papel da Medicina na solução dos problemas trazidos pelos usuários do SUS, a partir das suas necessidades de saúde, em uma realidade sociologicamente mais simples que a das cidades de médio e grande porte.
Alguns acadêmicos fizeram uma crítica reflexiva relacionada à tecnologia médica, muitas vezes utilizada de maneira indiscriminada. Os estudantes perceberam que, contando com poucos recursos, poderiam fazer ações eficientes de Educação em Saúde, colaborando para a criação de ambientes saudáveis, na comunidade rural. Refletiram, a partir das vivências na zona rural, que toda a tecnologia médica poderia ser utilizada de maneira mais criteriosa.
Em relação à autonomia do estudante, os aprendizes consideraram que, na Escola Médica, existe uma “estrutura que os coloca, em certa dependência dos docentes para tomar decisões”.
Longe dos “muros escolares”, o estudante pôde perceber, e escreveu isso, nos portifólios reflexivos, que muitas dúvidas dos usuários SUS poderiam ser resolvidas pelos próprios acadêmicos. O grupo de estudantes referiu ter experimentado uma desmistificação da zona rural, como um território inóspito. Relataram que foram muito bem acolhidos pela população residente na zona rural de Presidente Prudente e que gostariam de voltar outras vezes, para desenvolver mais atividades no campo.
Esta ação de Promoção à Saúde no ambiente rural, organizada pelo PAPP/FAMEPP/UNOESTE conseguiu estimular os estudantes a enxergarem possibilidades de trabalho em locais que não são muito próximos de grandes centros urbanos. Os desdobramentos do Plano de Ação, de muitas maneiras, conseguiu ampliar o olhar dos acadêmicos para a interiorização dos médicos, formados para atender às Necessidades de Saúde da população brasileira que reside em locais mais distantes das grandes cidades.
A Transversalidade, no SUS, é um dos princípios que devem ser utilizados na aplicação da Política Nacional de Humanização (PNH). Ela deve estar presente em todos os programas e políticas do SUS. Os resultado esperado, com a aplicação da “transversalidade” é um grau de contato e comunicação entre pessoas e grupos ampliados, sem hierarquia, reforçando a produção de saúde com qualidade.
Os participantes consideraram como positiva a execução do Plano de Ação, que utilizou a Política Nacional de Humanização na transversalidade, em uma visita domiciliar realizada na zona rural de Presidente Prudente, no interior de SP.

Referência:

ALVES, A. L. O Internato rural na formação médica na UFMG: um estudo qualitativo. Ribeirão Preto. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP, 1996. 175 p. Tese (Doutorado).