Que belo jeito de viver!

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É incomum e belo fazer e ser parte deste movimento.

Obrigado a todos pelos comentários dos vários posts em defesa do SUS e da vida. Obrigado pela generosidade de criar coletivamente, embaralhando as vaidades das autorias. Sei que as vezes minha intervenção é mais ácida do que poética, mais sociológica do que psi.

Mas não abro mão de trabalhar com uma certa gama de dados objetivos. Sempre corro o risco de sofrer uma contestação devastadora por que números podem provar tudo. Até mesmo teses opostas.

Lembro que dei a notícia da decisão do STF num post com o título mais escatológico que me veio no instante em que (ainda antes de pensar racionalmente) tive a intuição do que estava em jogo.

Depois com mais calma, nós, na e em rede, começamos a pensar. Dessas reflexões veio a consciência de que as leis podem ser distorcidas. A maldição das palavras, citada certa vez por Saramago, se aplica também às leis. E como as letras, as palavras escritas podem ser encarreiradas e encadeadas para significarem o que desejarem os seus emissores.

Mas nossa intuição não falha. Nossa missão é manter vivo o espírito que anima a letra da lei. Manter acesa a fornalha em que foram forjadas, cada palavra escrita, inscrita, em nossa constituição e nela especialmente o Sistema Único de Saúde.

Para nós a luta não para. Por que a vida deve seguir em frente. Porque sem nossa intervenção não sabemos o que será do mundo. Não sabemos o que será do mundo mesmo com nossa incessante luta. E isso, em lugar de nos desanimar deve nos levar a seguir lutando. Animados, enfrentado toda a incerteza fora do frágil sentido que vamos impondo ao caos.

Ante aos oráculos que profetizam nosso destino, faremos como os gregos e nordestinos: Cantaremos nossas tragédias "edipianas" e "severianas", mas jamais furaremos nossos olhos diante do que se desenhar como a consumação de uma sina.

Ao contrário, olharemos para luz e nos voltaremos para as trevas. Para com a luz impressa em nosso olhar construir em meio as trevas um lar. Faremos com a política a nossa pólis. Um lugar quente e acolhedor para habitarmos. Um oásis de afetos pulsantes como esta e outras redes, como desejamos para nossas e outras famílias.

O destino do SUS não é ser derrotado. Não há para ele, e para nada, nem ninguém, uma sorte que não seja a que resulte das contingências do mundo e de nossa humilde e corajosa insistência.

Nossa teimosia em viver e dar ao tempo a intuição do instante que nos ensinam Roupnel, Bachelard e Saramago (para ficar com meus amigos apenas, entre tantos outros) me encanta. Ousamos viver a intensidade vertical do tempo, finito em extensão, mas denso e sublime em alturas e profundidades.

Aqui e agora vencemos e vivemos na plenitude de nossa singela grandeza.

Um abraço fraterno!