Quem são os inimigos do SUS?

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O texto abaixo é de um amigo meu. Antes de tudo, de alguém que devotou sua vida a defesa do SUS e dos trabalhadores da saúde. Não posso deixar de compartilhar com os "navegantes" desta rede as palavras cirúrgicas que o Milton usou para descrever nossos inimigos.

Seriam opositores respeitáveis se pudessem mostrar-se a luz do dia. Como se escondem de forma covarde, muitas vezes trajados com os aventais brancos mais bem remunerados, vale o adágio de inimigos do SUS. 

Quem são os inimigos do SUS?

Eles se escondem nos gabinetes das empresas privadas de saúde, nas secretarias estaduais e municipais de saúde, no próprio Ministério da Saúde, nas salas dos tribunais de justiça, nos parlamentos, nos tribunais de contas e nas redações dos veículos de comunicação.

Ninguém vê ou ouve gestos ou palavras contrárias ao sistema, mas suas ações são percebidas quando fazem vistas grossas para a fiscalização. Quando aprovam orçamentos faltando recursos. Autorizam a ilegalidade, priorizam obras ao invés de saúde e quando não qualificam trabalhadores. Quando fazem convênios privados em vez de criar estruturas públicas. Fazem projetos e autorizam gastos públicos sem aprovação dos conselhos de saúde e quando redigem editoriais, artigos e reportagens criticando o SUS.

Seus discursos, porém, são disfarçados. Dizem defender o SUS, mascaram suas verdadeiras intenções de por a mão ou entregar esse mercado para a exploração capitalista, onde a saúde seja de uma vez por todas uma mercadoria valiosa, que só quem tem dinheiro possa comprar.

Vamos ver então como se comporta essa gente.

No Ministério da Saúde, colocam toda a culpa na gestão e apostam tudo nas FUNDAÇÕES PRIVADAS. No Judiciário rasgam a Constituição e aceitam cobrança por fora. Na gestão estadual, desviam recursos para saneamento e planos de saúde. No Tribunal de Contas, emitem documentos incorretos. Deputados aprovam orçamentos ilegais, prefeitos organizam transferências de pacientes, ao invés de organizar estruturas para dar mais atendimento. E, por fim, alguns setores da mídia fazem crítica ao SUS sem buscar as razões, dando a entender que saúde não pode ser pública.

Tudo isso, aos olhos da população que precisa cada vez mais do SUS: de um lado as entidades e movimentos sociais, que tentam, de peito aberto, defender e aperfeiçoar o SUS. Do outro lado, os inimigos entrincheirados jogam bombas de efeito moral, propagandeiam o caos, descapitalizam e desorganizam o Sistema.

Precisamos reagir. Qualificar os Conselhos de Saúde, fazer deles um verdadeiro instrumento democrático de controle e organização. Foi uma luta muito grande para conquistar a participação popular. Hoje, no entanto, estamos perdendo terreno para os gestores que desmontam essas estruturas, tirando o espaço e o financiamento, quando não intervém diretamente e ceifam as entidades que desagradam com postura questionadora.

A FEESSERS tem solicitado aos SINDISAÚDES FILIADOS que busquem participar de todos os Conselhos em todos os municípios de suas bases territoriais. Vamos criar um Fórum Permanente de Conselheiros de Saúde ligados aos SINDISAÚDES.

Defender o SUS é defender a qualidade da prevenção, da assistência e do emprego. Enfim, é defender a qualidade de vida.

Milton Kempfer
Presidente da FEESSERS