Diário de Estudo:Saúde Mental e Atenção Psicossocial

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Diário de Estudo:Saúde Mental e Atenção Psicossocial

A proposta de Paulo Amarante em Saúde Mental e Atenção Psicossocial é buscar uma reconstrução histórica conceitual da saúde mental.No primeiro momento que ele denomina Saúde Mental, Territórios e Fronteiras tenta delimitar o campo da saúde Mental como prática e saber atuante no âmbito das políticas públicas.

Fala da complexidade e da diversidade de conhecimentos envolvidos,enunciando a idéia de "redes".Nesse ponto, considero que o autor foi infeliz em apenas um dos seus "parênteses", pois afirma que em saúde mental se entrecruzam saberes como neurociência, psicologia, sociologia, psiquiatria..enfim, e também a psicanálise.Porém ao se refereir a psicanalise, coloca o "parantêses" que me refiro, dizendo que a psicanálise são tantas!

Parece no mínimo contraditório, pois nesse caso seriam psiquiatrias, neurologias, sociologias…pois essas áreas de conhecimentos também são muitas dentro delas mesmas…

Considerando ainda, que nem o próprio autor definiu um limite para o campo teórico da saúde mental, considerando suas multiplas facetas. O tal parênteses podia ter ficado de fora ou melhor explicado..No segundo momento retoma a questão da história da loucura, o alienismo, Phinel, Foucault, os hospitais.A idéia da institucionalização, sociedade disciplinar foucaultiana(que eu ainda me pergunto se a sociedade de controle deleuziana não criou outras formas de clausura via burocratização..)

Retomamos um pouco nesse momento a discussão da saúde como instrumento de poder, de biopoder como discutimos em sicko..Enquanto instituição disciplinar, impunha regras, condutas para uma reorganização das paixões descontroladas dos  alienados,chamado de tratamento moral.

No terceiro tópico intulado "Das Psiquiatrias Reformadas ás rupturas com a Psiquiatria",inicia sua discussão fazendo referência ao Alienista de Machado De Assis.Considerando que essa 'caça aos loucos"  sendo confinados superlotou os espaços institucionais,já que neles estavam todo tipo de segregados, ou como eu prefiro dizer":Monstros Onanistas e Incorrigíveis", expressão foucaultiana em os "Anormais".

Com essa superlotação nascem as colonias terapêuticas como espaço onde o trabalho era visto terapeuticamente.Um segundo grupo surgiu dessa construção que foi represetado pela Psiquiatria de Setor e Psiquiatria Preventiva ou Saúde Mental Comunitária.Esses movimentos tentam abarcar a necessidade de um trabalho externo ao manicômio.Da Psiquiatria de Setor veio a divisão do espaço extra hospitalar em regiões admistrativas.Modelo este,muito semelhamente as estratégias de saúde da família, que o autor também citará posteriormente.

Temos ainda a antipsiquiatria,defendida particurlarmente por David Copper, que como o nome diz, nega a psiquiatria totalmente, e principalmente sua categoria nosologica.Cooper(de quem particurlamente gosto)propõe uma nova base epistemólogica para doença, que tem suas bases principalmente na sociologia.

(um grifo meu)no seu trabalho Psiquiatria e Antipsiquiatria, ele demonstra muito bem essas distinções epistêmicas referindo-se ao tratamento dado a esquizofrenia..é uma leitura  realmente valiosa.. 

Fazendo toda essa contetualização o autor vai tentar chegar ao modelo de atenção psicossocial que conhecemos atualmente, na forma dos CAPS.Lembrando que o número de CAPS é dado conforme o número de habitantes, e que eles só foram especificados em categorias num segundo momento.Sendo eles CAPS I,II,III, CAPSia e os AD.

E, segundo o autor devem ser espaços "flexíveis", para não se tornarem "burocráticos"

O autor fala em atenção psicossocial como "responsabilizar-se", pelas pessoas que estão sendo cuidadas, envovendo seus usuarios na rede social e de saberes.(acho ótimo, mas onde entra a responsabilidade do proprio sujeito?, não corremos o risco de criar também perversos apropriadores de instituições?)

Bom, queria colocar mais um último questionamento ao mestre e colegas, que se refere ao fenomenologia de Husserl, utilizada por Amarante a expressão"anológica", quando sempre vi as expressões redução fenomenológica ou aidética, refererindo-se a maneira como analisamos fenomenos.Bom,pesquisei mais o termo utilizado e não entendi porque se apropiou dessa expressão, então..toda ajuda é bem vinda.

Finalizando esse texto imenso, já que o comentado também não é dos menores, devo constatar que é muito importante o que já temos construído,mas que ainda há muitíssimo por fazer, e que temo a burocratização e a subverniência ao 'político" e não ao "públicas" das políticas públicas..

Abraço a todos