Atenção humanizada à pacientes em situação de abortamento

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Sabe-se que no Brasil o número de abortamentos vem cescendo em números astronômicos. Nas maternidades que compões a rede SUS, o número de curetagens é grande, chegando às vezes ao quantitativo de 10 à 15 curetagens uterinas pós abortamentos por cada 24 horas.

Dentre as causas de abortamentos, a pricipal é a má formação embrionária incompatível com a vida. As infeções maternas, as deficiências de corpo lúteo, as doenças uterinas como septos, úteros bi cornos e a incompetência istimo cervical,  complementam as outras causas, que são em um percentual menor.

Quando uma mulher engravida,  expectativas são criadas por ela , seu companheiro e seus familiares. Esta gravidez terminando em abortamento, gera um sentimento de desespero, incapacidade de procriar, e, por vezes um desengano. As expectativas cairam por terra .

Dentre as causas acima referidas para os abortamentos, há atualmente uma causa que lamentavelmente vem cescendo, principalmente em pacientes jovens: O abortamento por uso de substâncias químicas. Comumente camados de " abortos provocados".

É sobre estes casos que desejo fazer meu comentário.

Durante  a minha vivência de 35 anos de obstetricia ambulatorial e hospitalar, tenho me deparado com inúmeras situações em que  pacientes têm procurado atendimento após o abortamento provocado.

Lamentavelmente, tenho  visto  profissionais de saúde terem um comportamento inadequado como a discriminação nas abordagens à estas pacientes, postegar seus atendimentos, deixando que corram riscos sérios de hemorragias e infecções.

Para  mim, nunca importou o motivo pelo qual as pacientes buscaram esta prática. Pressões de familiares, dos companheiros, dos namorados, gestações indesejadas ou gestações resultantes de estupro, não são de forma alguma motivos para que estas pacientes sejam discriminadas.

O atendimento à estas pacientes, deve ser prioritário,  humanizado, eficiente e eficaz. Sempre  rotulei estas situações como situações emergenciais, pois buscava evitar o agravamento  de situações como hemorragias ou infecções que pudessem levá-las à sequelas obstétricas severas.

O mal atendimento às pacienters nestas situações, têm buscado o respaldo nos preceitos  religiosos, éticos e pessoais dos profissionais.

Ética, convicções religiosas e pruridos pessoais não podem se sobrepor à vida.

 

José Carlos S. Silver