Escola Promotora de Saúde: Aprendizado de Cidadania ou uma Forma de Controle?

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Acadêmica: Fabíola Siebert dos Reis Silveira
Faculdade Integrada Santa Maria/RS
Graduação em Psicologia
Foi proposto na disciplina de Psicologia da Saúde que escolhêssemos um artigo contido nos Anais do I Seminário da Política Nacional de Promoção a Saúde, a fim de refletirmos sobre o tema. Após as leituras de muitos artigos foi escolhido o artigo escrito por Márcia Faria Westplal (Escola Promotora de Saúde: Aprendizado de Cidadania ou uma Forma de Controle?).  A minha escolha foi em virtude de ser um assunto de relevância não somente em relação à saúde, mas como uma articulação social.
A autora inicialmente faz uma breve retrospectiva histórica do Brasil, relacionando a saúde com a educação. Inicialmente as questões de saúde que não fossem a respeito de epidemias eram transmitidas através da educação, apenas com o foco em relação as normas de higiene e saúde, isto através de grupos de catequese.
Com o passar do tempo a população urbana aumentou e com ela as epidemias e problemas de saúde, como forma de controlar a população usava-se de políticas de saúde autoritárias. Grande parte dos problemas de saúde provinham da falta de saneamento básico, a partir disso na década de 30 foi trazido para o Brasil profissionais para darem curso à área da educação a respeito da consciência sanitária, esta era promovida pela Faculdade de Saúde Pública do Estado de São Paulo, esse foi o marco para começar a se pensar na articulação da saúde com a educação.
Em 1970, o conceito de saúde foi se modificando, passando a ter uma visão mais ampliada da saúde, vista agora como de fundamental importância para dar melhores condições de vida e de trabalho para a população. Esta foi efetiva a partir da Constituição Brasileira de 1988, a qual garante o direito a saúde, a vida e a construção de uma humanização social calcada na dignidade da pessoa humana.
Atualmente temos o SUS, e nos questionamos qual tem sido o seu papel perante a saúde? Como tem sido usado a educação para isso? Este sistema o qual tem constantes problemas no seu funcionamento e na sua eficácia, acaba usando a educação como uma forma de controle e não de cidadania.
(…) o estudo das condições de vida e de seus impactos sobre a situação de saúde da população, em geral, e de grupos sociais, em particular, tem merecido atenção crescente no campo da Saúde Coletiva, seja no intuito de aprimorar teorias e métodos que possam sustentar os estudos de desigualdades e iniqüidades no processo saúde-doença, seja com a preocupação de construir sistemas de monitoramento que permitam a tomada de decisões no âmbito das Políticas de Saúde. (Barata 1997)
A escola possui uma grande abrangência, ela tem acesso direto as crianças, adolescentes e a oportunidade de engajamento das famílias, ou seja esta pode e deve ser usada para promover saúde, mas com o intuito social  de contribuir para a melhoria da qualidade de vida de sua clientela e não como mecanismo de controle social. Para um eficaz trabalho a escola necessita articular-se junto a comunidade, construir estratégias em prol de uma prevenção, manutenção e solução para os problemas de saúde.
Para que ocorra um trabalho efetivo em prol à saúde usando a escola como articuladora, esta terá que ter docentes preparados e dispostos a projetar a seus alunos uma formação voltada a cidadania, em busca de proteger suas crianças e adolescentes do adoecimento, buscar redes de apoio, Estado, Município e comunidade, que desenvolvam um engajamento que requer objetivos em comum e principalmente comprometimento.
Já progredimos muito no campo da saúde, mas ainda há muito a ser feito, necessitamos de políticas públicas cada vez mais voltadas ao social e profissionais comprometidos. A escola tem um papel importante na constituição do sujeito, poderia ser mais usada como fonte de promoção não só de educação pedagógica, mas de saúde.

Referências Bibliográficas:
Barata RB, organizadora. Condições de vida e situação de saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1997.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Anais do I Seminário sobre a Política Nacional de Promoção da Saúde. 4 a 6 de dez/2006. Brasília, DF, 2009.