Árvore para um passarinho – Chegando na Rede HumanizaSUS…
"ÁRVORE"
( MANOEL DE BARROS )
Um passarinho pediu a meu irmão para ser uma árvore.
meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol,
de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore, aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casa vazia de cigarra,esquecida no tronco das árvores só serve para poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores
são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão
se transformara,envaidecia-se quando era nomeada para o
entardecer dos pássaros e tinha ciúmes da brancura que os
lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanencia em árvore
poque fez amizade com as borboletas.
Olá Rede HumanizaSUS,
Me chamo Erica Menezes, dentista, especialista em saúde da família, mestranda em saúde coletiva pela UnB e militante da área de saúde com uma atuação mais intensa na atenção básica à saúde.
Há um tempo sei da existência da Rede HumanizaSUS, mas apenas algumas semanas entrei com um olhar mais curioso e atento neste rico espaço, em razão da minha dissertação de mestrado.
Intitulado a “Dor e a Delícia de ser trabalhador: um estudo etnográfico digital sobre o trabalho na atenção básica”, o meu projeto de pesquisa buscava analisar de que forma o trabalho na atenção básica se expressava no Portal Comunidade de Práticas do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde. Contudo, os tempos e prazos estabelecidos pelo mestrado não me permitiram esperar que aquele espaço ganhasse o fôlego necessário para a minha produção, por ser recente e estar em um momento de reorganização.
Foi então, que após ouvir algumas falas de Ricardo Teixeira e conversar com ele e com Gustavo Nunes que tive a vontade de ter a Rede HumanizaSUS como este espaço de co-construção da minha dissertação.
A Atenção Básica é hoje desenvolvida, independente do modelo de organização, em todo território nacional. São cerca de 500.000 trabalhadores neste nível de atenção, com vínculos, gestão, formas de apoio, maneiras de ver e produzir o cuidado, perceber e sentir o trabalho, distintas. Estudar a maneira como este trabalho se expressa ajuda a compreensão da organização da assistência à saúde e a reflexão sobre as finalidades dos atos de cuidar, além de servir como subsidio à produção de políticas de qualificação da produção do cuidado na atenção básica e gestão do trabalho e da educação na saúde.
Bem, a linda poesia acima (a que primeiro conheci de Manoel de Barros e fez com que me apaixonasse pelo que ele escreve) para mim representa um pouco do papel do etnógrafo, da atitude que este deve ter para realizar a sua ação.
Ricardo Teixeira me apresentou a tese de doutorado de Lílian (um parêntese para elogiar e agradecer a belíssima produção feita por ela) a qual me ajudou a entender muito do que é a RHS. Mas mais que ler textos sobre a rede, mais que ler os posts sobre o tema da minha dissertação, eu quero ser árvore para um passarinho, aprender de sol, aprender de azul e fazer amizade com as borboletas… Manoel de Barros não expressou em sua poesia, mas sem dúvida, o menino pediu licença às outras árvores, aos passarinhos, as borboletas e aos tantos que compõem a natureza daquele lugar, ou pelo menos avisou, estou chegando…
Assim, depois de ter, em uma semana, lido a tese de Lílian e de ter feito uma primeira leitura dos posts relacionados à atenção básica venho me apresentar a este coletivo que já me emocionou muito com “E a escuta mudou o olhar”; “ Além do feijão com arroz”, “Não destruam meus sonhos”, “Reencontrando a canção: uma visita a Seu Francisco” e tantos outros. Venho ainda apresentar o meu novo projeto de pesquisa “A dor e a delícia de ser trabalhador: um estudo etnográfico digital sobre o trabalho na Atenção Básica na Rede HumanizaSUS.
Um forte abraço e espero que o meu trabalho faça sentido para este grupo como faz para mim e para minha trajetória.
Erica
Obs. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética da faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (n° do Registro 013/12) e a pesquisadora garante respeitar as normas e princípios éticos exigidos para a pesquisa em questão, bem como as normas específicas do Termo de Uso desta Rede.