A relação entre o público e o privado no SUS.

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Estas cenas conflituadas entre a aposta na cidadania ou no consumidor já foram objetos de prefiguração em alguns de meus posts aqui na rede.

Tenho sido profundamente afetado pelos eventos que fazem deste ano um divisor de mundos. Estilhaços  nos atingem na alma e fica difícil reconhecer o nosso esforço de ontem de preparar o espírito para o que se anunciava.

Quando finalmente acontece é algo que não poderia ter sido sonhado. Talvez porque pesadelos não sejam sonhos. São resultados de sonhos desvirtuados pela crua realidade.

Não sei se é o caso de sermos idealistas ou realistas. Talvez os eventos realmente nos colham a despeito de nossos esforços. E somente ao final as inclinações que nos levam em direção ao perigo nos pareçam atributos do caráter. Dependendo do resultado a inclinação é coragem. Se o resultado da ação for nossa destruição, a inclinação é chamada de inconsequência.

O que temos é a experiência de nos entrelaçarmos com os eventos e a inescapável necessidades de atribuir sentido ao que depois de efetuado, constitui um destino. E antes, voltando o olhar ao passado, nos parece o resultado de uma escolha.

A verdade talvez seja que sempre estivemos inclinados. E o acaso nos colhe em meio as inclinações e nós nos atribuímos um caráter pelo efeito, do que de fato, não controlamos.

Penso que a identificação do caráter cambiante de nossa cultura nacional nos ajuda a lidar com as políticas públicas de forma mais realista e modesta. Um único componente da equação pode gerar efeitos sobre o todo. Mas sem a sinergia de dialogar, mediar e retroagir cultura e ação política, nossas expectativas de gerenciar o caos são mínimas.

Diante das inclinações delirantes sobre o poder de determinar variáveis tão complexas como as que compõe o cuidado, prevenção e o tratamento da saúde, de um ponto de vista de consumidor de mercadorias, podemos apenas exercer a crítica e a denúncia. Lutar como diz o Ricardo, mobilizar e fazer ressoar o alerta do bom senso.