Evento em Comemoração ao dia Nacional de Luta Antimanicomial

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O Curso de Psicologia da UNIARARAS tem realizado desde sua implementação em 1999 eventos que visam à reflexão da Psicologia como ciência e profissão, além da utilização de seus conhecimentos em prol da sociedade. Esses eventos são destinados ao corpo discente, à comunidade acadêmica e à população em geral, constituindo-se em uma tradição do curso de Psicologia da UNIARARAS, alcançando uma projeção considerável na nossa cidade e região.
Neste ano, promoveremos o evento "Territórios do álcool ao crack, práticas de cuidado, políticas públicas e luta antimanicomial. O que se espera do 18 de maio?" em comemoração à XI Semana de Luta Antimanicomial, nos dias 27 e 28 de maio de 2012. O tema proposto se dá em razão de entendermos que o campo das políticas públicas de saúde mental, operacionalizadas no ideário da  Reforma Psiquiátrica, coaduna e transversaliza com as atuais estratégias e dispositivos que alguns estados brasileiros vem dispondo – por meio de instituições, discursos e práticas – , sobretudo na forma de “asilamento”, àqueles que utilizam substâncias entorpecentes.
Nesse sentido, a questão do consumo de drogas lícitas e ilícitas na contemporaneidade tem sido alvo de intensos debates e nas diversas dimensões jurídicas, científicas, políticas e legislativas que compõem o Estado brasileiro. Constatamos na modernidade diversos discursos e diferentes paradigmas institucionais que ora atrelam o consumo das drogas à práticas que merecem a intervenção do Estado na ordem da interdição, tutela e enclausuramento, ora discursos e propostas nas quais a questão do consumo das drogas deva ser contextualizado historicamente, no sentido de releitura a partir de uma concepção sócio-histórica do “problema”.
Deste modo, observa-se no plano macro da sociedade civil organizada, composta por diversos atores institucionais que portam as insígnias ideológicas e políticas da classe social no qual estão imersos e respondem discursos que atrelam àqueles que fazem o uso e consumo exarcebado das drogas à “errância” e à denegação consciente do real e das demandas sociais. Ou seja, a partir dessesistema de referencias políticas temos o desenvolvimento na modernidade de práticas sociais pautadas nas ideias de higienização dos espaços coletivos, ordenação, adequação dos corpos e disciplinamento da subjetividade para o trabalho alienado e para uma concepção ética e moral tidas como universais.
Assim, a questão que ora nos conclama é operacionalizarmos uma releitura destas condições históricas, culturais e políticas que produziram (e produzem) canais ideológicos que caracterizam o consumo das drogas a partir – talvez como maior notoriedade – de concepções pautadas no ideário da “transgressão”, “delito” e “violação da ordem”. Ao problematizarmos essas proposições ideológicas que compõem o cenário moderno sobre o consumo de drogas, entendemos oportuno recolocarmos o “problema” e, assim, estabelecermos outras nuances de reflexão e análise para esse fenômeno, produto e obra das relações simbólicas que o sistema de produção capitalista ora nos imprime como marca subjetiva.
Entendemos que o diálogo com profissionais deste campo é relevante para o desenvolvimento de ações, práticas e políticas de cuidado que tensionem esse cenário, bem como  ao desafio de não permanecermos neutros ou indiferentes aos eventos do cotidiano. Ou seja, um compromisso de ordem ética e científica que uma Instituição de Ensino Superior, preocupada com a qualidade de ensino e de formação pautada nos paradigmas dos Direitos Humanos para as necessidades de sociedade civil, tanto acadêmica como da própria comunidade. Muitas vezes, é necessário extrapolar o espaço da sala de aula para atingir estes objetivos, abarcando profissionais, discentes e a comunidade em geral. Desta forma, o evento proposto oferece a possibilidade de problematizar questões e provocar mudanças no contexto regional.