Para os que transbordam limites e insistem…

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CONFISSÃO DE SEM (DES)CULPA

Serei sempre minhas (in)consequências,
Livre de ciências que passam
Como folhas ao vento,
Certezas que não duram,
Verdades que não existem…
Minha potência
Não vem de um saber,
Não vem de uma razão,
Não vem de um poder,
Mas de um pulsar sem ritmo certo
Que cambaleia na dor,
Sua frio na incerteza
E teme, sobretudo,
Não ter medo,
Quando o medo é necessário.
Temo estar certo,
Porque a certeza é um punhal
Que fere de morte a mudança
E eu me confesso nômade,
Andarilho sem ser, se sendo,
Acontecendo,
Se fazendo
Neste acontecer em que me aconteço
E, feliz, quase me esqueço de mim.
Eu não amo e não adoro alguma coisa
Que me serviria de direção,
Eu sou o meu próprio não.
A coisa que me adora e me ama
É aquela que toca minha pele
E me faz superfície de algo
Que não pode nunca ter rosto.
Sou uma esquiza,
Sou um contorço.
E neste sou, não existe um eu.
Nunca mais direi eu.
Este ele que serei,
E que fui e sou,
Me fosforesce.
Sou o sentir de qualquer músculo
E desmaio em mim as minhas forças.
Quase um quisto
A engravidar de poros
Todas as existências em que insisto,
Eu sou aquilo, eu sou isto,
Eu antes de pensar, antes de ser,
Antes de qualquer identidade,
Simplesmente insisto,
Por isto, e só por isto,
Existo.
Miguel Maia 24/05/2013