Uma Casa deve ser um Lar: Intervenção em uma casa abrigo

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Como diz a clássica canção de Hal David: A house is not a home; uma casa pode ter toda estrutura necessária para abrigar uma família, mobília e aquecimento, mas uma casa não é um lar se não houver abraço, atenção, apoio e cuidado.

Propomo-nos, a contribuir no aprimoramento de uma Casa Abrigo, para que se aproxime de um lar.  E foi um grande desafio, a experiência de vivenciar a rotina de uma instituição que recebe crianças com histórico de abuso e abandono. Essa vivência produziu algo singular em nossa formação.

O lugar dispõe de uma estrutura física  adequada para que uma criança se desenvolva e evolua como qualquer outra. O desafio diário da equipe é tornar essa instituição em um lar, onde as crianças recebam carinho e atenção de seus pais sociais, e juntos possam caracterizar uma família, ou o mais próximo possível desse núcleo tão importante no desenvolvimento humano.

Foi evidente no convívio de seis meses com os pais dessa Casa Abrigo, o quão é difícil o que aqui propomos. Cada criança traz consigo histórias e experiências distintas e requerem cuidados e atenção específica. Por outro lado, os cuidadores mobilizados com as especificidades dessas crianças, com o abandono e maus tratos comuns em cada caso, ou talvez por defesa, automatizam suas práticas, e acabam tratando iguais os diferentes, e o que deveria ser singular, passa a ser coletivo. Assim, criam uma aproximação íntima e ao mesmo tempo distante de cada criança.

As provocações, como o previsto, produziram mais questionamentos do que respostas, o desconforto na descoberta de uma atuação alienante, incomodou a todos, incluindo nós. Como pode se trabalhar tanto tempo sem mesmo pensar o porquê ou quais as implicações desse labor? Percebemos neles inquietações, e juntos levantamos reflexões que indicavam a eminência de mudanças em suas atuações. Eles estiveram comprometidos todo o tempo, colocaram-se em análise e apontaram formas diferentes de atuar, para transformar a casa em um lar, evidenciando a singularidade de crianças e cuidadores, tratando com equidade as diferenças de cada um.

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