Histórias dos Novos Médicos do Programa Mais Médicos são Compartilhadas na Tenda do Conto

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Na semana de programação do encontro com os médicos do programa Mais Médicos recém-chegados ao Rio Grande do Norte, uma tarde foi reservada para a Tenda do Conto: oportunidade de acolher os novos médicos, escutá-los  e mostrar uma das nossas práticas inventivas de cuidado. 
A Tenda foi iniciada com a canção Praieira entoada no violão pelo dentista Justiniano Siqueira.  Originalmente intitulada "Serenata de Pescador", a canção escrita em 1922 para saudar pescadores natalenses, agora saudava os novos médicos.

Praieira dos meus amores,
Encanto do meu olhar!
Quero contar-te os rigores
Sofridos a pensar
Em ti sobre o alto mar…
Ai! Não sabes que saudade
Padece o nauta ao partir,
Sentindo na imensidade,
O seu batel fugir,
Incerto do porvir!

A redehumanizasus e o grupo tecendo redes no RN foram apresentados pela nossa parceira Rejane Guedes.

Em seguida, a leitura da carta de boas vindas de Sabrina Ferigato embalou a cadeira da Tenda do Conto reafirmando as palavras escritas:

“Apesar da precariedade dos territórios em que irão atuar, vocês verão que as equipes de saúde Brasil a fora criaram arranjos criativos e inventivos de cuidado, que o povo brasileiro é também trabalhador, cordial, caloroso, afetivo”.  
Aos poucos, um a um dos presentes ia enfrentando a própria timidez,  se sentando na cadeira ao lado da mesa da Tenda e contando um pouco de suas histórias.
Dentre os objetos trazidos, aqueles que, por seu valor afetivo, brilham entre os demais:
Uma pulseirinha de crochê trançada em verde e amarelo é levada com carinho à altura do peito: presente de um brasileiro no aeroporto de Fortaleza;

um bracelete – protetor   “para carregar por todos os lugares e por toda a vida”, doado por uma paciente na Venezuela;

um chaveiro que reúne chaves diversas. Em cada chave, uma história. De um lugar onde se viveu, de um quarto onde passava as noites, da maleta contendo instrumentos de trabalho.  Chaves de diferentes lugares, lembranças de outras paisagens, outras pessoas;  unidas todas num molho só.
Uma fotografia antiga:  lembrança da família reunida, saudades dos que se foram. 
Um colar utilizado  como  expressão : adereço  que fala de alegria, de tristeza, de serenidade ou euforia; em torno do pescoço, algo que se modifica segundo o sentir da alma…

Nesse movimento de conhecer o outro um pouco mais, a beleza dos silêncios e das vozes emocionadas que se intercalam. Histórias de pessoas e de lugares que deixaram. Experiências de Cuba, Ucrânia, Portugal, Itália, Espanha, Bolívia, Brasil. Histórias de cada um. Compartilhadas, são histórias de todos.

Dentre as palavras ditas pelos contadores sobre a Tenda do Conto, alegria, solidariedade, esperança; em diferentes vozes, sotaques que soaram para nós como uma melodia que se ensaia.

No desejo de acolher e ser acolhido, os espaços do mundo de fora parecem encolher-se, aproximando-nos; ampliando-nos por dentro, convoca-nos à composição de uma linguagem de compreensão universal. 

 
Nessa segunda-feira, alguns ficaram em Natal; outros seguiram para outras praias, serras e sertões: São Tomé, Riacho de Santana, São Miguel, São Miguel do Gostoso, Macaíba, Ceará-Mirim e Touros.

Outros objetos se juntarão às chaves, fotografias, colares e braceletes; outras histórias serão construídas junto a nossa gente.  Quem sabe, aprendamos com o que nos separa; fortaleçamo-nos o que nos liga…

Que sejam bem recebidos! Que construam junto a nossa calorosa gente, novas histórias.