Hipertensão Arterial Sistêmica: Inovando nas formas de abordagem”

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1. Introdução:
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) se apresenta como um grave problema de saúde pública do Brasil, manifestando-se como um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. Sua prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, de acordo com a cidade em que foi realizado o estudo.
Os profissionais da atenção primária à saúde são essenciais na estratégia de controle da HAS, tanto no diagnóstico clínico quanto na conduta terapêutica, bem como nas atividades informativas e de educação com o paciente hipertenso e população em geral. Entre as medidas que devem ser tomadas, o incentivo ao tratamento não farmacológico é uma de suas principais. Dessa forma, as atividades educativas se firmam como excelentes estratégias de explorar e divulgar conhecimentos para a população, produzindo um impacto positivo na saúde e qualidade de vida.
Assim, os internos do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no Internato em Saúde Coletiva vivenciado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na cidade de São Gonçalo do Amarante/RN optaram por realizar, ao fim de 7 semanas de atividades acadêmicas em campo, uma intervenção para seus usuários sobre os conhecimentos fundamentais sobre a HAS.

 

2. Problema:
A HAS como uma das principais comorbidades existentes na área adstrita à UBS Cidade das Rosas, vista a partir dos atendimentos ambulatoriais, cadastro no Hiperdia e vivências realizadas de estudo de demanda, territorialização e roda temática. Tais vivências foram fundamentais para a elaboração do conceito da intervenção a ser desenvolvida.

 

3. Justificativa:
Em longo prazo, a HAS não controlada se torna responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular encefálico, por 25% por doença arterial coronariana e, junto à Diabetes Mellitus, por 50% dos casos de insuficiência renal em fase terminal. Por ser fazer tão presente na UBS Cidade das Rosas, perfazendo, por exemplo, 29,1% do total de atendimentos do mês de setembro/2013, o controle dos fatores de risco modificáveis é mandatório para um
melhor prognóstico da saúde pública nessa comunidade. Dessa forma, surge a importância de novas formas de abordagem através de atividades educativas regulares e que consigam atingir um bom alcance.

 

4. Público-Alvo:
Usuários da UBS Cidade das Rosas, sobretudo os pacientes com diagnóstico e/ou fatores de risco para o desenvolvimento da HAS, assim como também os profissionais da área da saúde da unidade e internos do curso de Medicina.

 

5. Objetivos:
Conscientizar a população sobre a HAS e importância da mudança de estilo de vida para seu controle; Estimular os profissionais de saúde a incentivarem os pacientes a controlarem a HAS; Estimular o vínculo da UBS com o Conselho Comunitário; Proporcionar aos estudantes de Medicina uma atividade vivencial em planejamento de intervenções, além do próprio contato direto com a população.

 

6. Metas:
Envolver pelo menos 1/3 (33,3%) do total de pacientes atendidos do mês de setembro/2013 pela UBS Cidade das Rosas (85 pacientes) na intervenção, o que totaliza 29 participantes.

 

7. Recursos:
Quanto aos recursos materiais, foram necessários: 01 computador portátil, 01 projetor multimídia, 30 pacotes de sal de ervas e lanche saudável (frutas) para 30 pessoas. Além disso, mesas, cadeiras e acesso a um ponto de energia elétrica.
Quanto aos recursos humanos, foi necessário: a equipe da UBS, 01 educador físico (através do Conselho Comunitário) e 01 nutricionista (através do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF).

 

8. Metodologia:
A intervenção se baseia em três etapas. A primeira, constituída de uma exposição dialogada da qual a população-alvo é convidada a participar com os temas: HAS, suas complicações, fatores de risco, formas de controle e importância da mudança de estilo de vida. Em seguida, maiores informações sobre medidas dietéticas a serem tomadas para a prevenção e o próprio controle da HAS, abordadas pela nutricionista convidada.

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Então, a segunda etapa da intervenção é prática, realizada com apoio do educador físico, que pode demonstrar formas de alongamento e atividades físicas para o combate ao sedentarismo; neste momento, os participantes são convidados a realizar uma caminhada até o Centro Comunitário, onde podem conhecer também as atividades ali desenvolvidas.

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Para finalizar, um lanche saudável (frutas) oferecido aos participantes e a distribuição de sal de ervas compuseram a terceira etapa.

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9. Resultados e Conclusões:
Na manhã do dia 03/12/2013, as atividades em Cidade das Rosas foram iniciadas por volta das 07 horas da manhã. O educador físico convidou o grupo de participantes das atividades aeróbicas do Centro Comunitário para prestigiar a ação, de modo que, além dos pacientes agendados para as consultas do Hiperdia e dos pacientes que haviam sido convidados durante as semanas anteriores, houve a presença de toda a comunidade. Dessa forma, realizamos a exposição dialogada sobre conhecimentos básicos a respeito de HAS conduzida pelos internos do curso de Medicina e nutricionista, contando com uma interação forte e boa recepção de todo o público presente. Como encerramento, o lanche preparado para estimular a alimentação saudável teve uma apropriada aceitação, assim como o sal de ervas distribuído. Em ata oficial, registramos 47 participantes, dentre usuários e profissionais da saúde da UBS, o que nos fez atingir a meta previamente estabelecida.
Como limitações, ocorreu um contratempo com o educador físico, que precisou ausentar-se com antecedência, tendo sido possível apenas a realização dos exercícios de alongamento, porém não mais da caminhada anteriormente prevista como última etapa da intervenção. Entretanto, através de cartazes e da própria ação desenvolvida no dia, foi feita a divulgação dos grupos de atividades físicas que já estão estabelecidos no Centro Comunitário, mas sem amplo conhecimento de parte da comunidade. E, ainda, a equipe da UBS foi convidada para ministrar exposições dialogadas mensais sobre temas em saúde no Centro.
Ao final da intervenção, foi possível visualizar um estreitamento do vínculo da UBS Cidade das Rosas com o Centro Comunitário, o que é de grande importância para a manutenção da atenção à saúde da região. Ademais, o envolvimento dos profissionais de saúde da UBS demonstrou e reafirmou o compromisso com ações preventivas na educação em saúde. Ainda, houve a conscientização proposta do público-alvo, garantida pela boa aceitação, interação e dúvidas sanadas no momento da exposição dialogada.
Desta forma, tem-se uma avaliação bastante positiva de todo o processo, que conseguiu promover de maneira precisa a atenção à saúde e prevenção de agravos mais adequada à comunidade em questão naquele momento. Foi proporcionado aos internos do curso de Medicina um aprendizado vivencial com diversas esferas de abordagem, trabalho multi e interdisciplinar, além de uma inserção plena na equipe de saúde.

 

10. Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 37)
BRASIL. Ministério da Saúde. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 15) (Série A. Normas e Manuais Técnicos)
RABETTI, A. C.; FREITAS, Sérgio Fernando Torres de. Avaliação das ações em hipertensão arterial sistêmica na atenção básica.
Revista Saúde Pública; 45(2): 258-268, 2011.