Há outros caminhos para trazer visibilidade às experiências no SUS?

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Durante minha participação no II Seminário Nacional de Humanização, durante esta semana, chamou-me atenção a questão da necessidade e dos veículos de publicação das experiências, dos saberes, da produção de conhecimento, que emergem no cotidiano do trabalho/gestão/clínica no SUS.

Há um movimento surgindo de valorização dos saberes e práticas produzidas no SUS, que para serem publicadas, não precisam necessariamente do crivo de uma instituição acadêmica oficial. Tal valorização já vêm há algum tempo tomando corpo nas várias mostras de experiências que vêm se tornando tradição de alguns congressos, seminários e encontros, que congregam usuários, trabalhadores, gestores e acadêmicos interessados no SUS. A própria RedeHumanizaSUS já se configurou em espaço de publicação desse tipo de produção, independente de regras acadêmicas.

Eu mesmo, que ativei meu blog na rede há menos de 1 mês, tive a boa surpresa de ter publicado posts que foram lidos por centenas de pessoas, superando em muito a difusão de trabalhos acadêmicos que já produzi, com toda a formalidade das regras acadêmicas.

Não é uma questão de desvalorização ou desqualificação da produção acadêmica. Espero continuar produzindo por essa via. Mas se trata de uma questão de liberdade! É claro que há muita porcaria na internet. Mas há também muita porcaria nos periódicos acadêmicos. Desse modo, caso tenhamos experiências significativas e pessoas interessadas em contá-las, discutí-las, avaliá-las, submetê-las à outros olhares e outras leituras, qual o problema? Somos incapazes de distinguir o "bom" de tudo isso?

É uma falácia a afirmação de que o conteúdo dos periódicos acadêmicos é "mais seguro" do que o conteúdo geral das outras mídias. Inclusive, as consideradas "boas universidades" têm ensinado aos seus alunos como "se proteger" dos conteúdos "desqualificados", publicados nos periódicos científicos.

Então, qual a justificativa para o trabalhador, o gestor, o usuário e até mesmo o acadêmico, submeterem a produção de saber APENAS  aos veículos tidos como adequados pelos órgãos reguladores do saber oficial?

O SUS deve criar sua maneira de alimentar-se do conhecimento que  brota no cotidiano dos serviços, valorizando os protagonistas de sua produção!

Utilizem os espaços como as mostras de experiências, como a RedeHumanizaSUS, para publicar suas produções. Sejam elas tidas como exitosas ou não. Tem o que dizer? Diga na reunião de equipe, no colegiado, no conselho, na rua, por e-mail, escreva um livro, um artigo, diga ao amigo, mande para a lista, abra um blog! Não se prenda a formatos e a outros tipos de censuras…

Existem muitos caminhos!

Abraços.