Qual será a face do futuro da humanidade?

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Continuando com a prática de diálogo inter redes, posto um comentário ao artigo do seguinte Link:

https://www.sul21.com.br/jornal/de-onde-vem-face-inquietante-da-economia/

O texto é de Eneas de Souza e possuí fôlego e articulação suficiente para ser uma análise de conjuntura séria e plausível. Contudo, meu comentário pode ser lido de forma independente e complementar, em minha opinião. 

Uma revolução da produção, das finanças e do padrão de expansão e acumulação da riqueza responderá à configuração horizonte das possibilidades tecnológicas. O Brasil, e o terceiro mundo poderão se beneficiar disso.

Não sabemos de que base de conhecimento a nova infraestrutura da produção e do consumo irá depender. Isso posto, nossas deficiências educacionais poderão se revelar irrelevantes, de um lado, visto que uma nova educação teria que ser inventada para um novo contexto tecnológico e de conhecimento.

Assim, nossas deficiências em um modelo de educação falido, teriam uma importância menor. Isso favoreceria nossa capacidade de adaptação e inovação e dificultaria os que estão apegados a excelência em um modelo tradicional de ensino.

De outra parte, as deficiências de infra-estrutura de transporte poderão significar uma oportunidade, se a tecnologia estabelecer a necessidade de modificar toda a infraestrutura de transportes atual, por exemplo.

O fato é que o fator da incerteza embutido no horizonte das possibilidades tecnológicas torna ineficaz as tentativas de domínio oligárquico. Pode ser que o contexto humano seja modificado a tal ponto que a Inteligência Artificial altere, ou torne secundárias, características humanas que tem se mostrado essenciais para a dinâmica do sistema capitalista. Que sentido teria a ganância ou a busca por mérito, num mundo de super abundância tecnológica? A função da moeda de regular a escassez, pode ser tornada irrelevante neste contexto de inovação tecnológica.

Outras motivações humanas teriam que ser desenvolvidas. Mas, seres humanos não determinados pelo nosso conjunto de vícios e virtudes, escorados na luta paradoxal por significado simbólico, é algo difícil de imaginar. Mesmo a caça-coleta – um modo muito mais antigo e ancestral de lidar com a reserva de energia e recursos naturais do ambiente – é tida por todos como um tempo de selvageria e desumanidade.

Independente de esta ser uma avaliação correta ou não – há quem pense que somos tão selvagens como antes – o fato é que mudanças profundas na relação de nossa espécie com o meio ambiente, tendem a ser percebidas como mudanças na qualidade e essência do conceito de humanidade.

O capitalismo é um fenômeno humano. Se a humanidade como conhecermos for modificada pelas revoluções tecnológicas, o capitalismo desaparece. De certa forma, foi isso o que Marx previu.

A questão é se o rumo das possibilidades do horizonte tecnológico podem tornar possível uma mutação nos seres humanos. Mais especificamente, sua extinção ou “evolução” para outro tipo de espécie autoconsciente, biomecânica, cibernética ou pós-humana.

Deixo uma conexão destas ideias com outro micro-ensaio meu aqui na RHS:

https://redehumanizasus.net/usuario/marco-pires

A característica fundamental da RHS é a de ser um espaço de encontro da diversidade do pensamento. Nada que seja humano parece estar, em princípio, excluído de alguma forma de diálogo e debate por aqui.

Economia e tecnologia estão imbricadas desde que o homem usou o polegar opositor para estender seu corpo e sua subjetividade aos objetos. Então, vale a pena o esforço de articular cognitivamente os possíveis desdobramentos do desenvolvimento de tecnologias do encontro, do trabalho imaterial e da busca de bem estar e satisfação.

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