Pena de Morte e Salário dos Policiais

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A maioria dos gaúchos é a favor da pena de morte. Não sei quanto ao resto do país, mas não deve ser muito diferente. Tenho feito alguns questionamentos a esse respeito. Parece que, no geral e olhando mais de perto, o senso não tem nada de comum neste assundo de crimes e castigos.

Porque razão todos nós acreditamos ser mais fácil levar um homicida a pena de morte do que fazer um mero político responder por seus crimes? Num país onde existem sonegadores, mega empresários e governantes corruptos que jamais perdem o sono por causa da justiça… Não sei não. Toda a grande responsabilidade tem seu custo. A sociedade capaz de executar uma parte de seus criminosos precisa ser muito rigorosa com quem fura a fila no banco, passa o sinal vermelho, etc.

Considerem que o senhor idoso e ex-milionário, responsável por um golpe no sistema financeiro norte americano foi preso em alguns meses, condenado a prisao perpétua e renegado pelos filhos e netos.

Pena de morte pressupõe rigor com os crimes mais leves. Para cada sentença a morte nos EUA, há milhares de condenações perpétuas. A terceira condenação por lá dá perpétua, mesmo que para crimes de trânsito. Se fosse aqui, quem de nós não teria um parente presidiário?

Sabe, essa história de pena de morte exige coragem. Defender é fácil. Mas na prática é preciso encarar as consequências. Na China as condições de execução são as mesmas para um dirigente do PC, um jornalista, ou um estuprador. Vários presidentes americanos foram assassinados. Muitos filhos de americanos perecem nas muitas guerras que um país modelo de justiça tem de lutar para por ordem no mundo…

Mas é assim: grandes poderes atraem grandes responsabilidades…

Será que agente encara? Ou vale só a pena de morte informal que um ex-presidiário sofre se não mandar dinheiro para a facção criminosa que apenas o estuprou no Central, mas o manteve vivo?

Efetivar a pena de morte dá bem mais trabalho do que ser a favor. Não concordam?

Bem, como já afirmei acima, o custo da pena de morte é alto. E pelas mais diversas razões e argumentos. Quem se deu conta disso nos EUA não foram os defensores dos Direitos Humanos. Foram os próprios chefes de polícia, segundo matéria de hoje em Zero Hora.

Por uma questão de custos, em tempos de crise financeira, os especialistas em segurança nos EUA tem questionado fortemente a eficácia da pena de morte por lá. Os chefes de polícia afirmam que não percebem nehum efeito da pena de morte sobre os índices de criminalidade. A incapacidade dos criminosos em relacionar a pena ao delito é outro ponto: parece que os criminosos mais perigosos, o são por portarem patologias em que o cálculo de custo benefício não obedece a lógica do senso comum. Lembre-se que a condenação a dontes mentais é comum por lá.

A incidência da condenação aos réus pobres, que não tem acesso aos melhores recursos de defesa é outro argumento que ressurge. Por outro lado, o custo é muito alto para as execuções isoladamente e exorbitantes quando considerado o tempo total do processo. Na prática a maioria das condenações é convertida em prisão perpétua, seja pela demora nos processos, seja pela insegurança dos governadores que não querem o ônus do risco de ordenar a execução de um inocente.

Por isso é que operadores do sistema penal e de segurança pública estão revendo suas posições. O custo da manutenção da pena de morte tem consumido recursos que poderiam ser investidos em extrutura e na própria carreira de policiais e operadores do direito.

Quem diria, são contra não por um dita crueldade da pena, mas por corporativismo mesmo.