“Despatologizando a vida” na UNICAMP
O processo de medicalização/patologização da vida será discutido por docentes da USP, UNICAMP, PUC- Campinas e UFF em junho na Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.
Tema central que acomete os modos de subjetivação contemporâneos, a patologização se dá a partir de olhares para muitas manifestações outrora consideradas "normais" e hoje tidas como passíveis de serem diagnosticadas e tratadas como transtornos.
Entende-se por medicalização o processo que transforma, artificialmente, questões não médicas em problemas médicos. Problemas de diferentes ordens são apresentados como “doenças”, “transtornos”, “distúrbios” que escamoteiam as grandes questões políticas, sociais, culturais, afetivas que afligem a vida das pessoas. Questões coletivas são tomadas como individuais; problemas sociais e políticos são tornados biológicos. Nesse processo, que gera sofrimento psíquico, a pessoa e sua família são responsabilizadas pelos problemas, enquanto governos, autoridades e profissionais são eximidos de suas responsabilidades.
Uma vez classificadas como “doentes”, as pessoas tornam-se “pacientes” e consequentemente “consumidoras” de tratamentos, terapias e medicamentos, que transformam o seu próprio corpo no alvo dos problemas que, na lógica medicalizante, deverão ser sanados individualmente. Muitas vezes, famílias, profissionais, autoridades, governantes e formuladores de políticas eximem-se de sua responsabilidade quanto às questões sociais: as pessoas é que têm “problemas”, são “disfuncionais”, “não se adaptam”, são “doentes” e são, até mesmo, judicializadas ( Manifesto do Fórum sobre a Medicalização da Educação e da Sociedade ).
https://medicalizacao.org.br/manifesto-do-forum-sobre-medicalizacao-da-educacao-e-da-sociedade/