Eleições 2014

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A grande tendência (portanto aposta) da cobertura do acidente que resultou na morte de todos os passageiros e tripulantes do voo que caiu com Eduardo Campos a bordo é dar um sentido mítico e religioso para um evento trágico.

Mesmo que os telespectadores da Globo News não decidam a eleição isoladamente, já temos uma incipiente série eleitoral para analisar. Isso permite focar nas flutuações de superfície no humor do eleitor. Ou seja, é possível tentar provocar fluxos de emoções em direção a audiência para reverberar no conjunto do eleitorado e reforçar ou desacelerar tendências de opinião e comportamento.

Esta eleição vem sendo marcada pelo alinhamento conservador em torno de um discurso paranoico e obscurantista. Era de se esperar um recrudescimento do fascismo alimentado pelo medo do chamado neocomunismo. É a reação à perspectiva de uma sedimentação da atual hegemonia política por mais uma década adiante.

O que permanece em aberto é a medida em que esse discurso será efetivo para mudar o jogo nos próximos 30 e 60 dias. Uma incerteza em meio a caotização da pauta e perda da racionalidade serão as marcas dos efêmeros dias que virão.

E, esse apelo emocional é capaz de sensibilizar muitas pessoas. Mesmo os eleitores que saíram da linha da miséria em função das políticas sociais do atual governo, são sensíveis ao discurso que atribui a presidenta Dilma a proposta de liberação do aborto ou das drogas, por exemplo.

Não podemos fazer um inventário completo das variáveis que estão em movimento nesse momento. O bater das asas de uma borboleta, um Vant perdido ou achado, podem dar origem a um furacão na dinâmica móvel dos determinantes das tomadas de decisão.

Certamente muitas conspirações estão em curso. O processo eleitoral é como o espetáculo de mágica num circo e os efeito especiais no cinema: a mecânica, a manipulação e o truque ficam fora do palco e da cena, longe dos olhos da plateia, para que a fé e o encantamento não sejam quebrados.

Contudo, também é certo que o resultado das conspirações, como o de todas as demais ações humanas, tem resultados incertos. O estudo dos efeitos não desejados da ação, da força da Lei de Murphy e dos defeitos nos sensores de "vai dar merda" dos visionários é extenso no estudo da ciência política.

Desde Maquiavel sabemos que as combinações de virtude e fortuna são virtualmente (in)administráveis. O acaso é a causa mais eficaz. Especialmente quando muitos atores estão convencidos de que são timoneiros da história e manipuladores de fantoches.