Territórios do SUS no ciberespaço: avanços e retrocessos

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Ricardo Teixeira 05/04/2013

Navego pelos territórios do SUS no ciberespaço, territórios que vêm se constituindo com um vigor crescente nos últimos anos, em torno de algumas importantes experimentações que vêm sendo realizadas por coletivos de trabalhadores, gestores, usuários e militantes do SUS.

Estes territórios vêm constituindo o que chamo de CiberespaSUS!

Neste link (CiberespaSUS), que dá acesso ao post com o mesmo nome, falo brevemente sobre esta nossa experiência da Rede HumanizaSUS e sua contribuição para a constituição deste "território virtual"!.

Mas há várias outras experiências muito interessantes!

Várias delas constituem o que chamamos de nossas “REDES PARCEIRAS”, pela grande comunidade de propósitos, ainda que cada uma com sua singularidade e suas potencialidades próprias.

Quero homenagear, abraçar e recomendar algumas delas, pelas quais tenho especial carinho e admiração. São experiências que, cada uma à sua maneira, qualificam imensamente os territórios SUS no ciberespaço!

Começo lembrando do “fenômeno” Blog Saúde com Dilma, porque foi, de fato, um marco na ocupação do ciberespaço pelo pensamento crítico da Saúde Coletiva. O “fenômeno”, que acompanhou a eleição de Dilma e a indicação de Padilha para o Ministério da Saúde, soube evoluir e se consolidar como um espaço de referência na web para o debate qualificado sobre os rumos das políticas de saúde no país, mantendo essa sua vocação, mas mudando de nome. É hoje o Blog Saúde Brasil.

Numa outra vertente e com uma vocação mais próxima à da Rede HumanizaSUS (tanto pela sua articulação mais estreita com o cotidiano de trabalho no SUS, como pelo fato de contar com o apoio do Ministério da Saúde), cabe destacar a Comunidade de Práticas do Departamento de Atenção Básica do MS, que deve se tornar um espaço do referência para formação e trocas de experiências relacionadas à atenção básica no SUS. Essa experiência já tem algum tempo, mas acaba de ser relançada em nova plataforma, apresentada em post recente aqui na nossa Rede: Comunidade de Práticas da Atenção Básica: um lugar de expressão das diferentes práticas de saúde

Neste ponto, cabe reconhecer e exaltar o valor dessas políticas públicas do governo federal (PNH, Política de Atenção Básica e outras), que têm tido a coragem e a ousadia de experimentar o uso de tecnologias colaborativas abertas na web, explorando seu potencial para qualificar as práticas no SUS e, ao mesmo tempo, ampliar o coeficiente democrático destas políticas.

Infelizmente, nesse terreno, nem tudo são avanços e alguns retrocessos já têm sido experimentados…

Destaco, por fim, tomado por muito pesar, outra importante experiência (cujo link ainda integra nossa página de "REDES PARCEIRAS"), que, tristemente, encerrou suas atividades nesta semana, por falta de apoio da gestão. Trata-se do blog do Núcleo de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas: o Território SUS Campinas.

Sempre fui um grande admirador do valioso trabalho dessa galera (sob a coordenação sensível da querida Bete Zuza), que fazia um uso muito criativo dessa mídia para uma estratégia de comunicação no nível da política municipal. Uma estratégia diferente das outras experiências colaborativas que acabo de destacar (mas, justamente, a plasticidade e a multiplicidade de usos possíveis é uma das virtudes maiores destas novas mídias), mas com um grande potencial de aquecer o mundo do trabalho, valorizando os trabalhadores e dando relevância ao que é produzido no cotidiano da rede, fazendo uma curadoria permanente do SUS municipal de Campinas.

Para que os que ainda não conheciam este trabalho possam ter uma pequena amostra (antes que saia do ar), vejam que preciosidade essa “matéria” sobre a avaliação externa do PMAQ, entrevistando “avaliadores” e “avaliados”. Numa única página da web, a visão mais ampla e penetrante que se poderia ter sobre essa etapa do PMAQ. Com um “tablet” na mão e muita ideia na cabeça, a galera põe, lado a lado, os vídeos com entrevistas muito bem conduzidas com os “avaliadores” e os “avaliados”: 
https://territoriosuscampinas.org/2012/09/21/sus-campinas-recebeu-os-avaliadores-externos-do-pmaq-ab/

Grande contribuição dos compas de Campinas para os Territórios SUS no ciberespaço! Muito lamentável o encerramento de suas atividades! Eis aqui o último post relatando a situação: Por que Estamos Encerrando

Como o próprio SUS, o CiberespaSUS também se faz com avanços e retrocessos. Naquilo que ambos (SUS e CiberespaSUS) dependem do apoio dos gestores, estes avanços e retrocessos, certamente, falam muito dos compromissos desses últimos com o trabalho e os trabalhadores que fazem o SUS dar certo, falam muito de sua vocação (ou falta de vocação) democrática.

Seguimos construindo os Territórios SUS no ciberespaço, apostando num SUS democrático, generoso, solidário e colaborativo!

 

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8 Comentários

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Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg

Parece que estamos nos especializando em ser um estado marcado por mais retrocessos do que avanços. Que seja apenas um desabafo momentâneo de minha parte…

Seguimos na luta, ora estrupiados, ora com toda a potência de que somos capazes!

Iza

Por Emilia Alves de Sousa

Ora Avanços, ora retrocessos.  Esta é a gangorra que permeia o cenário das políticas públicas no nosso país, e com o SUS não é diferente.

Lamento muito esse retrocesso do SUS de Campinas, com o fechamento do blog do Núcleo de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas: o Território SUS Campinas. Acompanhava o blog e também era admiradora do trabalho desenvolvido.

Um importante canal de comunicação, de discussão, e de controle social  do SUS no ciberespaço que se fecha! Se conformar, cruzar os braços? Não, lutar! Não podemos perder a esperança e o encantamento. A luta continua! Vamos em frente!

Emília

Por Sabrina Ferigato

Muito bom seu post Ricardo!
É muito bom ver que cada vez mais o SUS amplia suas possibilidades e alternativas para o fortalecimento da rede de saúde. Sem dúvida, os CiberespeSUS (adorei esse termo!)  são peças fundamentais para esse fortalecimento no contexto atual.
Mas importante por quê?
Primeiro por que é mais uma forma singular de produzir redes e diálogos entre trabalhadores, gestores e usuários do SUS, mas especialmente, por que é um modo de fazer isso, dialogando com a sociedade em geral, ou seja, homens e mulheres que não são militantes, nem trabalhadores do SUS. Os ciberespaços são peças fundamentais para esse debate, já que, a sociedade Brasileira é uma das maiores adeptas da “Cibercultura” em todo mundo. O termo Cibercultura tende a nos remeter imediatamente a tecnologias de ponta, quase ficcionais; mas aqui me refiro a ela como uma forma sociocultural que proporciona uma relação de trocas entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias comunicacionais/digitais.
Críticos, saudosistas ou pessimistas tendem a ver esse tipo de troca como “menos verdadeiros” ou “artificiais” por se darem em espaço eletrônico virtual. Mas a crescente popularização e ampliação desse tipo de troca, especialmente entre a população mais jovem,  tem cada vez mais nos mostrando o caráter real e verdadeiro dessas trocas, possibilitando assim maior aproximação entre as pessoas de todo o mundo; e no SUS, possibilitando produção de redes afetivas, mudanças significativas no processo de trabalho e na troca de experiências e saberes Brasil a fora.
Esse modo de relação intermediada pelas novas tecnologias da informação é parte significativa do que vivemos hoje em nossa cultura: Home banking, cartões inteligentes, voto eletrônico, palm tops, imposto de renda via rede, troca de correspondências e de trabalhos via e-mail, organização de movimentos sociais via redes sociais, etc… No SUS isso não é diferente.
No entanto, para que isso atinja sua máxima potência, a inclusão digital das pessoas socioeconomicamente menos favorecidas e a informatização do SUS é fundamental.
Além das experiências citadas pelo Ricardo que vão nesse sentido, gostaria de lembrar também de mais um investimento do governo federel, que com uma pegada diferente, também procura fortalecer o SUS a partir do uso da tecnologia digital: O e-SUS, projeto do DAB que objetiva a reestruturação dos Sistemas de Informação da Atenção Básica e pode ser conferido na página do Ministério da Saúde: https://dab.saude.gov.br/portaldab/esus.php
Por tudo isso, não me surpreende o sucesso e crescimentos de espaços como o blog Saúde Brasil, a RHS e a Comunidade de Práticas. Cada qual ao seu modo, esses dispositivos tem produzido potentes interconexões de pessoas, instituições, afetos, saberes e práticas.
Surpreende-me e entristece, um município com o histórico de pioneirismo como Campinas, desinvestir em espaços como esse, especialmente quando esse espaço se trata do Território SUS-Campinas, um território virtual nacionalmente reconhecido pela qualidade de suas publicações e por seu comprometimento com o SUS. Sou campineira e testemunha da responsabilidade, cuidado e parceria da equipe do Território SUS-Campinas com a rede de trabalhadores, gestores e usuários do SUS. Sua extinção precoce é uma perda enorme para todos nós.

Minha solidariedade e respeito por Adriane Pianowski, Bete Zuza, Cecilia Veiga, Eli Fernandes, Felipe Calixtre, Fernanda Borges, Gerson Reis, Marcos Botelho, Naian Minto (a brava equipe do Território-SUS Campinas).

CiberabraSUS!
Sabrina Ferigato

Por Raquel Teixeira Lima

Não é mera coincidência a simultaneidade de alguns retrocessos.

Solidariedade aos comp@s e continuamos na luta, nos muitos territórios onde estamos implicados!

 

Por RUBEM BORGES FIALHO JUNIOR

Ricardo

De fato estes territórios virtuais tem permitido uma bela aproximação com

as ações desenvolvidas nos territórios do cotidiano de nossos serviços de saúde.

Temos tido bons exemplos que nos estimulam a não parar…e não vamos parar.

Temos necessidade de espaços para mostrar o que estamos "produzindo por aí".

até

Rubem

Por Evaldo

Oi, Ricardo.

Navegando agora pela RHS deparei-me com esta sua postagem.

Realmente, acho lamentável a capacidade de destruir todo um trabalho colaborativo  apenas pela determinação de alguém que não queira que a participação de todos aconteça para o desenvolvimento do SUS.

É por isso que defendo a idéia de uma rede social de domínio público para o SUS, desenvolvida em linux e que não fosse atrelada a governos, partidos, corporações, academias ou grupos.

Sei que hoje isso ainda não é possível, mas poderíamos caminhar para isso.

Não conhecia este site de Campinas, espero que eles preservem o acervo em um outro domínio, e quem sabe, continuem.

Vou ler o link.

Um abraço!

Por Paulo Mariante

Ricardo

 

Lamentavelmente, os ataques ao SUS por parte da atual gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas parecem não ter fim. Os mais de 32 mil casos de dengue, com 3 óbitos confirmados, e a leviandade no trato com a Saúde Mental, evidenciam uma postura anti-SUS e anti-povo. Estamos tentando resistir a isso através do Conselho Municipal de Saúde, mas a barra está mesmo pesada.

Saudações em defesa do SUS,

 

Paulo Mariante

Por Paulo Mariante

Ricardo

 

Lamentavelmente, os ataques ao SUS por parte da atual gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas parecem não ter fim. Os mais de 32 mil casos de dengue, com 3 óbitos confirmados, e a leviandade no trato com a Saúde Mental, evidenciam uma postura anti-SUS e anti-povo. Estamos tentando resistir a isso através do Conselho Municipal de Saúde, mas a barra está mesmo pesada.

Saudações em defesa do SUS,

 

Paulo Mariante