Acadêmicos Médicos acompanham conduta interdisciplinar de uma puérpera com Mastite, em ESF de SP

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Logo com o início do semestre, eu e meus colegas do primeiro termo, estudantes de Medicina, da Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), no campus de Presidente Prudente, fomos designados para acompanhar a Unidade de Estratégia de Saúde da Família Dr. José Cupertino D Arce, no bairro Vila Marcondes. Diferentemente dos demais termos, que tiveram suas práticas restritas, pela ocorrência da pandemia de Covid-19, o nosso contato com a atenção primária se deu de maneira direta.
Logo de início, nosso grupo foi muito bem recebido por toda a equipe da ESF Vila Marcondes, e com o auxílio da Facilitadora, conhecemos toda a estrutura do local. Além disso, nos foram apresentados os dados levantados pela própria ESF, no que diz respeito a população local. Por meio da análise do “Consolidado da ESF (Estratégia Saúde da Família), identificamos que a população cadastrada enfrentava problemas de saúde recorrentes, sobretudo relacionados à diabetes e hipertensão. Identificamos as características populacionais e seus respectivos aspectos sociodemográficos. Em seguida debatemos sobre os achados nesse levantamento.
Após esse debate, presenciei uma consulta, em conjunto, realizada entre a preceptora do PAPP e a médica da unidade, para uma puérpera que apresentava sinais e sintomas condizentes com a mastite.
Após a consulta, a Facilitadora utilizou o “Arco de Maguerez” para estimular “reflexão na ação”. Fomos pra busca de informações em referências confiáveis.
Trouxemos os resultados da busca, para socializarmos os conhecimentos com os demais colegas do pequeno grupo de estudantes, ligados ao Programa de Aproximação Progressica à Prática (PAPP/FAMEPP/UNOESTE).
Entendemos que a mastite corresponde a um processo inflamatório, infeccioso ou não, na mama da mulher, sendo o caso da mastite puerperal o mais comum. Existem basicamente dois tipos de mastite: infecciosa e não infecciosa. No tipo infeccioso ocorre a entrada e multiplicação de microrganismos nas glândulas mamárias. Já no tipo não infeccioso, a inflamação ocorre como consequência do acúmulo de leite nos ductos mamários. Dentre os sinais e sintomas é possível destacar o mal-estar, calafrios, abcessos e febre.
O diagnóstico é baseado na anamnese e exame físico, no entanto, caso haja secreções suspeitas uma coleta da amostra mamária poderá ser encaminhada a um laboratório caso seja necessário.
Para o tratamento, foi prescrito o cuidado e estímulo a ordenha mamária, manobra de movimentação das mamas evitando maiores complicações relacionadas ao ingurgitamento mamário, bem como, a médica prescreveu antibióticos e compressa fria local causando efeito anti-inflamatório.
Destaca-se que a forma como a paciente foi acolhida, tratada e instruída, que me chamou à atenção. Além de promover uma escuta ativa, identificando a queixa da paciente, a Médica da ESF foi capaz de estabelecer um ambiente favorável à realização da consulta. Além de nos instruir sobre como se comunicar com o usuário do SUS, utilizando uma linguagem clara, realizando perguntas para confirmar se a cliente havia entendido a conduta e o tratamento, a Profissional da Saúde mostrava para o estudante como realizar o manejo do exame físico, uma matéria teórica que havíamos tido, fazia pouco tempo. Ficou clara a forma como a Faculdade de Medicina UNOESTE trabalha para a construção do saber nos processos de ensino e aprendizagem, aliando a teoria, vista em sala de aula, com a prática nas Unidades de Estratégia de Saúde da Família (ESFs), utilizando metodologias ativas de ensino e aprendizagem, como a Problematização.
Percebi que é importante a paciente relatar rapidamente se identificou alterações nas mamas e, também, entendi como esse reconhecimento precoce é importante para o tratamento e prognóstico, já que, se não tratada de maneira correta, a mastite pode evoluir para abscessos, fístulas mamárias extensas, perdas teciduais por necrose e até mesmo septicemia.
Após o fim da consulta, a Facilitadora nos incentivou a compartilhar o ocorrido com os demais acadêmicos, e com isso foram levantados questionamentos sobre as causas da mastite, na forma de questões de aprendizagem. Em conjunto, elaboramos outras perguntas que deveriam ser pesquisadas e debatidas na próxima semana. Essa ação contribuiu não só para o aumento da minha vontade em unir a teoria à pratica, mas também no interesse por me tornar, cada vez mais, um profissional de saúde que consegue acolher, ensinar e aprender com meus usuários do SUS.
A Política Nacional de Humanização (PNH) foi mencionada na criação das questões de aprendizagem. Entendemos que o acolhimento é uma postura ética, que deve ser adotada pelos membros da Equipe Interprofissional da ESF. Ele implica na escuta do usuário em todas as suas queixas. Devemos reconhecer o seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento. Também devemos nos responsabilizar pela resolução dos problemas trazidos pelos usuários do SUS, ativando as redes de compartilhamento de saberes.

Referência:
MOTA, Thamirys de Carvalho et al. CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA E EPIDEMIOLÓGICA DA MASTITE PUERPERAL EM UMA MATERNIDADE DE REFERÊNCIA. Enfermagem em Foco, [S.l.], v. 10, n. 2, jun. 2019. ISSN 2357-707X. Disponível em: <http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/1331/512>. Acesso em: 04 nov. 2021. doi:https://doi.org/10.21675/2357-707X.2019.v10.n2.1331.

COELHO, A. A.; LIMA, C. M. de; ARRUDA, E. H. P. de. Conhecimento de gestantes e puérperas acerca da mastite puerperal/ Knowledge of pregnant women and puerperal women about puerperal mastites/ Conocimiento de gestantes y puérperas acerca de la mastitis puerperal. JOURNAL HEALTH NPEPS, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 540–551, 2018. DOI: 10.30681/25261010. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/3021. Acesso em: 4 nov. 2021