Acadêmicos médicos colocam em prática a Política Pública para cidadãos em situação de rua.

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Existem muitos obstáculos para o acesso à alimentação, higiene e direitos, enfrentados pela população em situação de rua no município de Presidente Prudente e no Brasil. O Programa de Aproximação Progressiva à Prática da Faculdade de Medicina, da Universidade do Oeste Paulista, no campus de Presidente Prudente, insere o estudante do Curso Médico, desde o primeiro termo, em oito Estratégias Saúde da Família, nos municípios de Presidente Prudente e Álvares Machado.

Os estudantes organizam Planos de Ação a partir das Necessidades de Saúde encontradas nos territórios ligados às ESFs. Um dos Planos de Ação esteve ligado à aplicação da Política Pública para cidadãos em situação de rua, na ESF São Pedro, em Presidente Prudente. Foi utilizado o Arco de Maguerez para estimular reflexão na ação, após o atendimento dos usuários do SUS, na “linha do trem”. Estudantes consideraram que essas pessoas fazem parte de um grupo heterogêneo, que aumentou muito durante a pandemia do COVID 19.

Como facilitadora, contribuí com o grupo trazendo a informação de que, de acordo com dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a estimativa entre fevereiro e março do ano de 2020, momento de eclosão da pandemia, era de 221 mil pessoas em situação de rua, no país. Os acadêmicos também consideraram que houve um agravamento da situação econômica e social no país, por causa da Pandemia. Dessa maneira apresentou-se um novo perfil das pessoas em situação de rua, chamando a atenção dos setores da Saúde e do Serviço Social para a necessidade de ações de “Criação de Ambientes Saudáveis” para evitar que esses brasileiros fiquem mais tempo nas ruas e também para que esses cidadãos possam ter maior adesão às ofertas e ações públicas.

Os estudantes de Medicina entrevistaram as pessoas em situação de rua, que estavam “morando” na “antiga linha férrea” abrigando-se embaixo do “viaduto da FEPASA”, em Presidente Prudente. Os entrevistadores perceberam que existe um novo perfil para esses usuários do SUS. Algumas das pessoas referiram serem pertencentes à classe trabalhadora e que não conseguiam mais pagar seus aluguéis e contas, sendo obrigadas a morar nas ruas. Partiram, inicialmente, em busca de alimento e depois permaneceram nessa condição por não terem mais como se sustentarem.

Os cidadãos entrevistados revelaram para os acadêmicos que eles já viviam com a falta de políticas públicas, mas que a pandemia piorou muito a situação que já não era boa. Os entrevistados referiram que não podiam ficar em casa, na pandemia, pois não tinham moradia.

Referiram que já viviam socialmente isolados, passando fome, frio e ainda enfrentando a Covid-19.

Estudantes refletiram, à luz dos “Determinantes Sociais de Saúde”, que a pandemia apenas piorou uma situação ruim, que já existia. Refletimos também sobre a preocupação com a assistência às crianças e adolescentes em situação de rua e também com o seu futuro, no município.

Acadêmicos também consideraram, após a busca em referências confiáveis, que a maioria dos casos de Covid 19, nas pessoas em situação de rua, não é quantificada, dessa maneira, perpetua-se a invisibilidade histórica para esse grupo de cidadãos. A pandemia veio agravar alguns problemas que já existiam anteriormente, revelando a insuficiência dos modelos de abrigos já implementados no município.

A dificuldade do acesso ao auxílio emergencial também foi relatada pelos entrevistados aos estudantes médicos. Muitas pessoas em situação de rua referiram que não conseguiram se cadastrar para receber a renda por causa do processo burocrático, como por exemplo a obrigatoriedade da inclusão de um telefone celular no cadastro. Além disso, foram relatados problemas no acesso a alguns serviços assistenciais, que passaram a atender de forma remota durante a pandemia.

Em relação à atualização do calendário vacinal das pessoas em situação de rua, estudantes consideraram que esse grupo deve ter acesso prioritário ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.

No fechamento dessa ação, como facilitadora e o grupo, compartilhamos os resultados do Plano de Ação com a equipe da ESF, em uma reunião de equipe. A gerente da Unidade concordou que deve haver a ampliação da oferta de vacinas para as pessoas em situação de rua, na área de abrangência da ESF, com estratégia de busca ativa pela equipe interprofissional da Unidade.

Os participantes consideraram como positiva a ação de Promoção à Saúde realizada, com foco no atendimento aos cidadãos em situação de rua, no território da ESF.

 

Referências:

População em situação de rua aumentou durante a pandemia

Disponível em:

https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://portal.fiocruz.br/noticia/populacao-em-situacao-de-rua-aumentou-durante-pandemia&ved=2ahUKEwi16a_OtafzAhXzK7kGHYTmAv8QFnoECAQQBQ&usg=AOvVaw2TncCopUa6y5eUWzs3V0CR

Acesso em 02 10 2021 às 17h 49min.